O Fim  


Este não é propriamente um momento de alegria. Mas foi um dia de decisões. E decidir é libertar-nos um pouco. Uma decisão foi muito dolorosa mas tinha de ser. Penso que tomei a decisão mais acertada. Estou bem mais aliviado. Não Vos digo qual foi para não ter que dar grandes explicações mas creio que acabarão por adivinhar, mais tarde ou mais cedo.

A outra é bem mais fácil apesar de tudo. O Sentido único acaba hoje. Neste, Até sempre! quero agradecer a todos os que me foram honrando com a sua visita bem como aos que que subscreveram o blog via e-mail. Talvez um dia volte ...depois de uma longa travessia do deserto. Por agora sinto um enorme cansaço!

Nota: a música não vem a propósito mas é uma canção alegre do nosso José Cid, um bom cromo.

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Nada disto faz sentido e o sentido do sentido: não paga as refeições*  


Um bichinho encontrou outro bichinho e perguntou-lhe:
- Que bichinho é tu bichinho?
Tu intica, tu incoi, tu tem cóninho com'o boi.
Ah!.. tu é um cacaroi!..



*de José Mário Branco na carta a J.C (emigrantes da 4ª geração)

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Há blogues e há outras coisas  

No Blasfémias, um post sem conteúdo, apenas com um título, Bola, até este momento leva 45 comentários. E não é pelo tema. Tirando o Arrastão não conheço outros capazes disto. São os que todos lemos; da direita à esquerda e de direita e de esquerda. Embora existam outros muito bons.

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A não esquecer nunca  

Uma data, 11 de Setembro, dois acontecimentos: O assassinato de Salvador Allende e a instauração da ditadura de Pinochet no Chile; o ataque terrorista às Torres Gémeas em Nova Iorque.

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Coisas que não sou capaz de dizer  

O meu partido.

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Também o PS e o PSD.  

McCain tem maior preferência em Portugal.

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Um acordo necessário assente em maus principíos  

O Presidente da Câmara de Lisboa, António Costa e o movimento cidadãos por Lisboa de Helena Roseta chegaram a um acordo de cooperação na Câmara de Lisboa. Este acordo se analisado pelo prisma dos interesses da cidade parece-me indiscutivelmente muito importante e necessário. De um ponto de vista estritamente técnico a cidade pode ver mais rapidamente atalhadas dificuldades, não apenas devido a um possível e desejável mais alargado consenso em matérias cruciais, em torno das grandes obras e prioridades, como o que resulta de um acréscimo da capacidade de intervenção e de competência técnica.

Já sobre o ponto de vista político o acordo é no mínimo estranho, sendo que quem fica mal neste filme é necessariamente, Helena Roseta. Se bem se lembram, esta convergência também alargada ao PCP, foi reclamada, antes e depois das eleições, insistentemente por Sá Fernandes e pelo Bloco de Esquerda, precisamente para encontrar grandes consensos na esquerda, para resolver, responsavelmente, os graves problemas deixados pelo anterior executivo, em vários domínios da governação.

Nessa ocasião Helena Roseta como o PCP, recusaram, liminarmente, as propostas de Sá Fernandes e do Bloco, sobrando para estes o ónus de uma campanha infame e aviltante, de se terem rendido ao poder e aos lugares, quando o fácil, o cómodo, teria sido ficado de fora como os outros fizeram, a criticar, a ver as modas, a assobiar para o lado.

Apesar de saberem a que estavam sujeitos, Sá Fernandes e o Bloco (com o Bloco a não conseguir aguentar, agora para o fim, a pressão e o jogo eleitoralista, acusando tibiezas, para mim incompreensíveis) fizeram bem em subscrever um acordo, como várias vezes assinalei, em linha com as exigências de responsabilidade, depois de precisamente, terem sido, particularmente Sá Fernandes, os grandes responsáveis pela denúncia do caos, da anarquia, da corrupção e da crise económica e financeira (insustentáveis de manter por muito mais tempo), e depois de terem pedido a convergência de todas as forças de esquerda, não comprometidas com a situação, neste combate de excepção e inevitável, se não quisessem perder a dignidade.

Fica muito mal ainda a Helena Roseta aceitar agora o que antes rejeitou, o que agora sim, depois da campanha indecorosa e do desgaste da imagem de Sá Fernandes, promovida por forças importantes ligadas a grandes interesses imobiliários, com um PCP a encostar-se convenientemente e algumas forças do Bloco a ajudarem à missa (e ainda assim foi o seu trabalho, empenho e persistência, que deixaram as melhores marcas no desempenho do executivo, lamentavelmente sem que nem Sá Fernandes, nem o Bloco, tivessem colhido e capitalizado o bom trabalho realizado, muito pelo contrário), parece indicar comprometimentos futuros o que também por aqui, poderá sugerir um erro de estratégia do Bloco, tendo em vista as próximas eleições municipais, se tivermos em conta a anunciada intenção de convergências com os "movimentos de cidadãos".

Juntando tudo já nem sei dizer se há políticos, políticas ou partidos que ainda me seduzam. Não sei mesmo! Sinto-me um pouco desiludido.

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Tudo trocado ou talvez não!..  

Um PSD a criticar o excesso de mediatismo sobre a criminalidade e um PCP a falar em mão fraca contra a criminalidade violenta são coisas que me não fazem confusão!

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As eleições em Angola  

Não adianta falar em eleições viciadas, na utilização abusiva do aparelho do estado, na desproporcionalidade de meios, em irregularidades nas mesas de voto, na parcialidade da comunicação social, no caciquismo local, sei lá em mais em quê… isso existiu certamente, em menor ou maior grau, mas no saldo, o acto eleitoral acabou por decorrer com a normalidade possível e sem que pareça ter havido fraude eleitoral, num país sem experiência eleitoral e democrática. Mas se tudo isso influencia as eleições, não terão sido determinantes no resultado final, segundo parece, neste caso concreto.

O que fica é que os angolanos, apesar de serem governados por um bando de corruptos e ladrões, e apesar de mais de 10 milhões dos 16 milhões de angolanos viverem com menos de 2 dólares por dia e com enormes dificuldades nas coisas básicas, deram o seu voto, de forma esmagadora ao MPLA.

Serão os angolanos estúpidos? Ou pelo contrário revelaram uma enorme sensatez? Pessoalmente seria incapaz de dar o meu voto ao MPLA. Mas talvez a maioria dos angolanos sejam mais espertos que eu. Serão decerto. Foram as suas escolhas, eles lá sabem porquê. Eu vou reflectir melhor sobre os resultados. Talvez chegue a algumas conclusões que me assustem.

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saudades  

Ainda não se falava em prémios de desempenho, de mérito, em prémios de assiduidade, em produtividade, competência, esses palavrões. Falava-se em ser um bom trabalhador, um bom profissional, em camaradagem, em respeitar os "assinantes".

Levávamos o telefone numa mão e a caixa de ferramentas e o cabo telefónico na outra. Recebiam-nos com muita solenidade. Em algumas aldeias, havia foguetes e música a ecoar pelos ares. O primeiro toque do telefone, as primeiras falas, eram um momento inesquecível para aquela gente afastada dos grandes centros. Depois era a mesa farta. O vinho da adega, a broa, o chouriço, o presunto, e durante uns largos minutos, o convívio em volta da mesa. Era assim em todas as casas. Não podíamos recusar a oferta. Podíamos já estar bem bebidos e melhor comidos. Tinha de ser: nem que fosse mais um gole e fazer de conta que comíamos. Na despedida, o cumprimento de mão, disfarçava a gorjeta como agradecimento. Bons tempos.

Também por essa altura as negociações dos contratos colectivos de trabalho eram fortes e determinadas. A greve implicava a ocupação do local de trabalho. Fazíamos piquetes, noite e dia. À noite levávamos uma televisão e umas cartas para jogar. Eram greves a sério, não em série. Toda a gente fazia greve. E não era por imposição, não! As greves eram decididas em plenários regionais. A participação era enorme. Na altura era delegado de grupo. Cada grupo tinha um representante na delegação sindical. Havia opiniões divergentes, mas naquela ocasião era impensável não aceitar a vontade da maioria. Ninguém era impedido de trabalhar, mas quem comparecesse ao trabalho, não era muito bem visto. Às vezes havia exageros.

Por essa altura uma greve em 1989 trouxe uma grande vitória. A reivindicação de um aumento igual para todos tinha sido conseguida. Mil e cem escudos por trabalhador. A notícia veio por telex. Como vinham todas as notícias sobre o desenrolar das negociações. Sinto alguma nostalgia.

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me explica por favor  

A operação da Polícia Judiciária de combate à pornografia (?) e abuso sexual de menores identificou 23 pessoas, em particular médicos, empresários, advogados, professores. Já as operações de combate à criminalidade social, apenas identificam pessoas dos extractos sociais mais baixos. Deve haver alguma explicação "científica", não?

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Ainda a propósito da indemnização a Paulo Pedroso  

1- Uma dúvida: se foi legítimo afirmar que se estava perante uma cabala política, tendente a decapitar o PS de Ferro Rodrigues e outros dirigentes, considerados mais à esquerda, quando Paulo Pedroso foi acusado de abuso sexual sobre crianças, não será também legítimo pensar que a decisão de o indemnizar em mais de 130 mil euros, não contou também com movimentações do poder político? Pessoalmente não acredito em nenhuma das teses. E no entanto ambas podem ser verdadeiras. Como as bruxas. Que las hay...las hay.

2 - Sócrates mostrou satisfação pública com a decisão do juiz e procedeu mal. Fica bonito a Sócrates defender um amigo mas a um chefe do Governo em funções, pede-se prudência e sobretudo a defesa dos interesses do Estado, antes dos amigos. Defender o interesse do Estado, até serem esgotadas as possibilidades de recurso e existir uma decisão definitiva. Enquanto chefe do Governo e em nome da separação dos poderes, deveria ter reservado a sua opinião e demonstrado a sua satisfação, no domínio privado. Assim tomou partido contra o Estado, antes da justiça definitiva e tentou condicionar o Ministério Público para o recurso. Assim não!

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Quase aposto que vão seguir-se mais pedidos de indemnizações no processo Casa Pia  

Um juiz de instrução criminal, dando acolhimento à acusação de quatro crianças de abuso sexual, decidiu-se pela prisão preventiva de Paulo Pedroso. Dois anos depois a nova juíza de instrução decidiu não acompanhar a acusação do Ministério Público e decidiu não levar a julgamento Paulo Pedroso. Ano e meio depois o Tribunal da Relação (que já tinha levantado a prisão preventiva depois de quatro meses e meio de detenção) confirmou a decisão da juíza. Pouco depois, Paulo Pedroso interpôs uma acção contra o Estado, visando ser indemnizado por danos morais e patrimoniais, sendo a sentença sido conhecida hoje e favorável a Paulo Pedroso que condenou o Estado ao pagamento de uma indemnização de cem mil euros, um valor ainda assim aquém dos 600 mil euros pretendidos.

Sobre isto algumas questões:
a) Paulo Pedroso tem todo o direito de pedir uma indemnização. Por danos morais e materiais. Um direito que lhe assiste por ter visto o seu nome enxovalhado e julgado na praça pública, como um pedófilo, e porque ainda nenhuma decisão judicial irá mudar a posição formada pelo juízo popular, apesar de nada ter sido provado, uma suspeição que carregará para toda a vida.
b) Contudo, à luz dos meus valores, não compreendo o pedido de indemnização por danos morais, senão devido a um aproveitamento oportunista. E menos ainda se feito por alguém que teve e tem ainda, legitimamente, a ambição de ter ainda responsabilidades de Estado.
c) Os danos morais não têm preço. O sofrimento é "irreparável". A dor é a mágoa não se curam com dinheiro. Sobre os danos patrimoniais sim, deve ser exigido o máximo rigor e a máxima responsabilização: os erros da justiça devem ser assumidos em toda a plenitude.
d) A justiça é assim mesmo e prova que Cavaco Silva não tinha razão quando disse um dia, ainda não à muito tempo, que duas pessoas com a mesma informação têm obrigatoriamente de chegar às mesmas conclusões: é olhar para as decisões dos dois juízes de instrução criminal, para confirmar o quanto esta tese é sem sentido.

Dito isto, continuo a defender o principio da presunção da inocência. E isto vale para todos: para Paulo Pedroso como para Carlos Cruz e os outros acusados de crimes de abuso de crianças. Até ver, tirando os que confessaram, são todos inocentes. Mesmo que não o creiam as convicções gerais e não o creiam as minhas próprias convicções. Mas mais vale um criminoso solto do que um possível inocente preso.

O que não gostaria de assistir e temo que vá acontecer é que alguns dos criminosos vão continuar a andar por aí. E apesar da presunção da inocência, que é devida, penso ainda que alguns deles vão levar grossas indemnizações pagas por todos nós, ainda por cima, por incompetência de alguns. Mas isto são suposições apenas.

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