O Presidente da Câmara de Lisboa, António Costa e o movimento cidadãos por Lisboa de Helena Roseta chegaram a um acordo de cooperação na Câmara de Lisboa. Este acordo se analisado pelo prisma dos interesses da cidade parece-me indiscutivelmente muito importante e necessário. De um ponto de vista estritamente técnico a cidade pode ver mais rapidamente atalhadas dificuldades, não apenas devido a um possível e desejável mais alargado consenso em matérias cruciais, em torno das grandes obras e prioridades, como o que resulta de um acréscimo da capacidade de intervenção e de competência técnica.
Já sobre o ponto de vista político o acordo é no mínimo estranho, sendo que quem fica mal neste filme é necessariamente, Helena Roseta. Se bem se lembram, esta convergência também alargada ao PCP, foi reclamada, antes e depois das eleições, insistentemente por Sá Fernandes e pelo Bloco de Esquerda, precisamente para encontrar grandes consensos na esquerda, para resolver, responsavelmente, os graves problemas deixados pelo anterior executivo, em vários domínios da governação.
Nessa ocasião Helena Roseta como o PCP, recusaram, liminarmente, as propostas de Sá Fernandes e do Bloco, sobrando para estes o ónus de uma campanha infame e aviltante, de se terem rendido ao poder e aos lugares, quando o fácil, o cómodo, teria sido ficado de fora como os outros fizeram, a criticar, a ver as modas, a assobiar para o lado.
Apesar de saberem a que estavam sujeitos, Sá Fernandes e o Bloco (com o Bloco a não conseguir aguentar, agora para o fim, a pressão e o jogo eleitoralista, acusando tibiezas, para mim incompreensíveis) fizeram bem em subscrever um acordo, como várias vezes assinalei, em linha com as exigências de responsabilidade, depois de precisamente, terem sido, particularmente Sá Fernandes, os grandes responsáveis pela denúncia do caos, da anarquia, da corrupção e da crise económica e financeira (insustentáveis de manter por muito mais tempo), e depois de terem pedido a convergência de todas as forças de esquerda, não comprometidas com a situação, neste combate de excepção e inevitável, se não quisessem perder a dignidade.
Fica muito mal ainda a Helena Roseta aceitar agora o que antes rejeitou, o que agora sim, depois da campanha indecorosa e do desgaste da imagem de Sá Fernandes, promovida por forças importantes ligadas a grandes interesses imobiliários, com um PCP a encostar-se convenientemente e algumas forças do Bloco a ajudarem à missa (e ainda assim foi o seu trabalho, empenho e persistência, que deixaram as melhores marcas no desempenho do executivo, lamentavelmente sem que nem Sá Fernandes, nem o Bloco, tivessem colhido e capitalizado o bom trabalho realizado, muito pelo contrário), parece indicar comprometimentos futuros o que também por aqui, poderá sugerir um erro de estratégia do Bloco, tendo em vista as próximas eleições municipais, se tivermos em conta a anunciada intenção de convergências com os "movimentos de cidadãos".
Juntando tudo já nem sei dizer se há políticos, políticas ou partidos que ainda me seduzam. Não sei mesmo! Sinto-me um pouco desiludido.
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