Em 2008 os combustíveis subiram 14 vezes em Portugal  


O Presidente da ANAREC (Associação Nacional dos Revendedores de Combustíveis) tem razão ao afirmar que não se justifica o aumento dos preços dos combustíveis porque a valorização do Euro face ao Dólar, compensa o impacto da subida do petróleo.

É só fazer as contas: quanto subiu o preço do barril do petróleo em dólares quanto valorizou o Euro face ao dólar.

A não ser à luz de uma vergonhosa e ilegal política de concertação de preços das empresas petrolíferas e de uma distracção da Autoridade da Concorrência, este aumento dos preços é incompreensível. Com estes aumentos os preços dos combustíveis sobem pela 14ª vez este ano, sendo o país da Zona Euro (dos 15) que mais tem subido os preços, antes dos impostos e onde as empresas petrolíferas têm visto os seus lucros aumentar exponencialmente.

O Governo não pode ficar calado sobre este assunto sob pena de ser tomado como cúmplice com uma situação que beneficia o Estado com o acréscimo de receitas do IVA. Esta situação é verdadeiramente insustentável sabendo-se que estes combustíveis derivados do petróleo assumem uma cota grande, importante e insubstituível, na economia pessoal e empresarial.

A continuar esta escalado de preços, o Governo tem de baixar o imposto sobre os produtos petrolíferos, não me parece haver outra saída. Mas também e antes de mais deve pressionar a Autoridade da Concorrência para investigar a existência ou não de uma cartelização dos preços dos combustíveis.

Porque não queremos “embalar a trouxa e zarpar”… para Espanha, por exemplo!

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Mudar de vida, pois claro!  

Observando o que se passa no PSD cada vez estou mais convencido que o PS vai ganhar as próximas eleições legislativas com uma nova maioria absoluta. Desta vez sem precisar de mentir para ganhar à vontade. Em política a mentira parece não ser um problema. A palavra dada não vale nada. Os eleitores também não cobram a trapaça política. E na dúvida, nada que um passe de magia negra, de uma qualquer agência de comunicação e propaganda, não fosse capaz de nos criar a ilusão de que não vimos o que vimos, não ouvimos o que ouvimos, não lê-mos o que lê-mos. Mas habituados que estamos a representar papéis de faz de conta nem sequer seria preciso. Em 2009, uma vez mais vamos fazer de conta. Fazer de conta... para fazer pela vida. Não foi assim que nos ensinaram, não foi?

“…chatices, preocupações… entretém-te filho, entretém-te! Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho, trabalhinho, porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula, não é filho? (do FMI de José Mário Branco)

Mas também que alternativas temos? O PSD é um saco de gatos assanhados à procura do poder, de lugares políticos, para trepar na vida, sem trabalho nenhum. Não lhes resta um pingo de credibilidade! O CDS é um grupo de meninos bem, de filhinhos de papá deslumbrados com a exposição mediática, a proximidade ao poder, enfim uns rapazes pequenos brincando à política no palco do parlamento, de quem não se pode esperar nada de bom para o Povo.

À esquerda o PCP é contraditório, conservador e inconsequente. O Bloco tem propostas políticas consistentes, tem coragem, ousadia, bons quadros políticos, mas precisa de assumir com clareza, o seu projecto político, custe o que custar, se quer ganhar credibilidade e ser a alternativa socialista da esquerda.

Entretanto vou andando por aí com as minhas inquietações, lutando por uma sociedade melhor para todos. Uma sociedade mais justa e mais digna!

Cá dentro inquietação, inquietação é só inquietação, inquietação, porquê, não sei, mas sei que essa coisa é que é linda. (de Inquietação de José Mário Branco)

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Discurso da desobediência  


Prometo ser desobediente
E contestar todas as regras
Que não entenda, que não apreenda
Que não me expliquem
E que interfiram com a minha liberdade.

Prometo ser inconformada
Se ser conforme for assumir formas
Que não a minha
E conformada for aceitar
A imposição e aborrecimento duma rotina.

Prometo ser mal-educada
E mandar à merda quem me disser:
Sê conformada, tem paciência
A vida é isto, a vida é assim.

Prometo ser inconveniente
Se a conveniência não me servir
E conveniência for conivência
Aceitação, anulação e conformismo.

Ninguém nasce de trela e mordaça
Portanto, eu
Prometo ser eu!
Desobediente, inconveniente
Inconformada, mal-educada
E mandar à merda vida e regras
Quando e se me apetecer.

Encandescente

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Não ser jovem no seu tempo é um tempo do meu tempo e não deste tempo.  

Cavaco Silva no fascismo mesmo não sendo um jovem não se interessou pela política. Apesar de estar no meio universitário nunca se deu conta da ditadura. Não soube dos estudantes e professores presos ou impedidos de leccionar ou ainda das assembleias reprimidas pela polícia. Cavaco Silva desconhecia também que milhares de jovens morreram e outros foram estropiados numa guerra colonial. Que muita gente lutava pelas liberdades fundamentais e morreram por isso.

Cavaco Silva descobriu a política no 25 de Abril já entradote. Depois chegou a Primeiro-ministro e a Presidente da República. Agora parece estar preocupado com os jovens. Ou melhor; com o desinteresse dos jovens pela política. Mas antes disso, durante dez anos, não se lhe conhece nenhum incentivo à participação dos jovens. Um único acto. Uma conferência, um debate, uma nota de imprensa, uma obra literária, uma qualquer iniciativa que despertasse o interesse, a participação, a intervenção cívica dos jovens na coisa pública. Que me lembre apenas a luta dos estudantes contra as propinas e a política de educação. E como Presidente da República, agora mesmo, demonstrou ser um cobarde ou um comparsa ante a figura desprezível de João Jardim e as suas afirmações sobre os deputados regionais e o completo desrespeito à instituição parlamento regional.

Cavaco Silva podia falar de muita coisa que está por cumprir, trinta e quatro anos depois, da promessa de Abril. Preferiu falar sobre o desinteresse dos jovens na política. Melhor tivesse ficado calado. Os jovens não precisam de discursos moralistas. Precisam de emprego, estabilidade, condições para desenvolver as suas capacidades com tranquilidade.

O desinteresse dos jovens pela política é compreensível. Sendo jovens querem gozar a vida enquanto jovens. Aproveitar o tempo no seu tempo. Ser jovem na idade de ser jovem. Num tempo em que não há tempo é preciso não queimar tempos. Este é o tempo de namorar, de curtir, conviver, ir às discotecas aos bares, fazer amigos, ganhar experiências, recolher saberes. Cometer erros. Ser exagerado. Este é um tempo de socializar, de ser solidário. Quanto ao resto compete aos educadores, aos políticos, à escola, à sociedade, fazê-los despertar para outros interesses fundamentais. A seu tempo.

Não ser jovem no seu tempo é um tempo do meu tempo e não deste tempo.

Dito isto o que posso lamentar mais. O desinteresse dos jovens pela política ou o desinteresse dos políticos pelos jovens? Reformulando: ou o desinteresse dos políticos do poder nestes 34 anos de democracia? Não preciso de responder.

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USB Vinho  

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“faltam cinco minutos para as vinte e três horas…  

Convosco, Paulo de Carvalho com o Eurofestival 74, E Depois do Adeus "

Foram estas as primeiras palavras do início da arrancada do 25 de Abril, lidas por João Paulo Dinis aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa. A canção "E depois do Adeus" era a 1ª senha do Movimento das Forças Armadas.


Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós.

Mas foi com a canção, Grândola, Vila Morena de José Afonso, a 2ª senha, que o movimento para o derrube do regime avançou definitivamente. Esta canção de José Afonso, foi para o ar, à meia-noite e vinte, colocada por Manuel Tomás, no programa Limite da Rádio Renascença, acompanhado da leitura da primeira quadra.


Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra d’uma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade

E às 04,20 minutos da madrugada do 25 de Abril, por Joaquim Furtado era lido o primeiro comunicado do Movimento das Forças Armadas.

Aqui Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas.
As Forças Armadas Portuguesas apelam para todos os habitantes da cidade de Lisboa no sentido de recolherem a suas casas, nas quais se devem conservar com a máxima calma. Esperamos sinceramente que a gravidade da hora que vivemos não seja tristemente assinalada por qualquer acidente pessoal para o que apelamos para o bom senso dos comandos das forças militarizadas no sentido de serem evitados quaisquer confrontos com as Forças Armadas. Tal confronto, além de desnecessário, só poderá conduzir a sérios prejuízos individuais que enlutariam e criariam divisões entre os portugueses, o que há que evitar a todo o custo.
Não obstante a expressa preocupação de não fazer correr a mínima gota de sangue de qualquer português, apelamos para o espírito cívico e profissional da classe médica, esperando a sua acorrência aos hospitais, a fim de prestar a sua eventual colaboração que se deseja, sinceramente, desnecessária.

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democracia a menos  

O Tratado de Lisboa foi hoje ratificado na Assembleia da República com os votos favoráveis do PS, PSD e CDS. Sem referendo e sem discussão pública. Sócrates fala em "grande consenso político e nacional" mas o país não foi ouvido. E mais uma promessa eleitoral foi quebrada pelo Partido Socialista. São já muitas!

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Morreu o Xico Martins!  

Com a sua morte desaparece uma das figuras mais proeminentes do comunismo nacional e internacional.

Nos princípios da década de sessenta, depois de anos largos de militância e membro do Comité Central com Álvaro Cunhal, rompeu com o Partido Comunista Português em divergência com o partido de que era membro desde 1954, criticando o “revisionismo” aos princípios fundadores da ideologia comunista e contra o alinhamento acrítico com a União Soviética onde já descortinava desvios. Pouco tempo depois fundou o comité marxista-leninista português (CMLP) a primeira das muitas organizações que se reclamavam de marxistas-leninistas, entra as quais o CCRML, a ORPCML, a OCMLP (de que fui militante) etc.. e que mais tarde, já depois do 25 de Abril, se juntaram para dar lugar à UDP e depois ainda com outras organizações o Bloco de Esquerda (de quem era um critico).

O Francisco Martins Rodrigues não era apenas um revolucionário, um anti-fascista, um comunista puro, um combatente, um idealista, um pensador marxista. Um homem que fez doutrina política. O Xico Martins, como era conhecido no meio, era o soldado, mas também o general, que se ouvia com atenção, respeito, fascinação.

Podemos discordar, e pessoalmente discordo, das suas teses políticas inabaláveis, que considero desajustadas no tempo, mas sempre nutri um profundo respeito, pelo lutador anti-fascista (preso e torturado inúmeras vezes e que esteve na célebre fuga do Forte de Peniche com Álvaro Cunhal), pelo revolucionário, pelo comunista [curiosamente (ou não) apesar das suas responsabilidades políticas quase desapareceu da história do PCP e mais grave ainda quando estava exilado uma denúncia do Avante dava conta do seu regresso a Portugal uma pista que podia ter tido consequências graves] coerente (o que não quer dizer consequente), idealista e um profundo homem de convicções. Fica a minha homenagem!

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Fazer do medo-força e da força-coragem.  

O Daniel diz que tem medo. Medo de andar na rua, medo de ser espancado e de lhe “arrancarem a cabeça”. O Daniel de Oliveira tem medo de Mário Machado e seus seguidores, do Portugal Hammerskins, um grupo fascista que promove a violência, o ódio racista, a xenofobia, a homofobia.

O Daniel Oliveira tem razões para ter medo. Mas os homens inteiros, dignos, conseguem fazer da fraqueza-força e da força-coragem. E por isso Daniel apesar do medo não se coibe nem coibiu de exercer um dever cívico. Denunciar as ameaças. Primeiro na Polícia, agora no Tribunal. E disse o que pensava. O que todos pensamos e nos vai faltando a coragem : que o Mário Machado é um líder fascista e um homem perigoso. Um delinquente. Um desequilibrado. Uma pessoa com um historial de “agressões a outras pessoas e que foi condenado pela participação activa ou passiva, no homicídio do emigrante cabo-verdiano Alcino Monteiro no Bairro Alto” (DN de hoje).

Neste momento 36 elementos desta seita nazi, estão a ser julgados por ameaças à integridade física, por agressões, extorsão e posse de armas e segundo os relatos da imprensa parecem estar muitos divertidos, talvez pensando que os seus métodos terroristas, assustem o poder político e judicial. A ver vamos! A minha solidariedade ao Daniel Oliveira.

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Resistir é vencer - 25 de Abril sempre!  






Espectáculo de José Mário Branco no Coliseu de Lisboa - Maio 2004. Eu tive o prazer de assistir no Porto. O maior!

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O Cónego Melo foi um terrorista.  


A viagem de carro ao café não durou mais de cinco minutos, o tempo para ouvir, um excerto de uma entrevista em vida ao Cónego Melo, sobre a actividade do MDLP nos tempos do PREC, de que ele foi um dos principais patrocinadores e activistas.

O recente falecido Cónego Melo disse uma série de aleivosias em tão pouco tempo. Uma chocou-me sobremaneira até porque estive envolvida nela, que foi o assalto e incêndio à embaixada de Espanha em Lisboa e no Porto. O Cónego Melo não referiu, claro, que aquela acção visou criar pressão sobre o regime fascista do ditador Franco e em particular protestar e tentar impedir a condenação à morte de 5 militantes nacionalistas da ETA e da FRAP, ordenada pelo ditador Franco.

Querer comparar ou sobrevalorizar negativamente esta acção (de que pessoalmente não me arrependo, dadas as circunstâncias, pelo contrário, passe a imodéstia, sinto alguma nobreza neste acto) com os atentados terroristas em 1975, multiplicados em todo o País, por iniciativa do MDLP, de que o Cónego Melo era o mentor e activista, exemplificados nos inúmeros atentados bombistas, assaltos e incêndios a sedes de partidos de esquerda, assassinatos de pessoas, como o Padre Max e a jovem acompanhante com uma bomba colocada na viatura, são a evidência do carácter, da insidia, do pior do homem tenebroso que se escondia na sua veste de religioso.

O Cónego Melo morreu há dias. Não sinto nenhuma pena.

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O futuro!  

Isto vai meus amigos isto vai
um passo atrás são sempre dois em frente
e um povo verdadeiro não se trai
não quer gente mais gente que outra gente

Isto vai meus amigos isto vai
o que é preciso é ter sempre presente
que o presente é um tempo que se vai
e o futuro é o tempo resistente

Depois da tempestade há a bonança
que é verde como a cor que tem a esperança
quando a água de Abril sobre nós cai.

O que é preciso é termos confiança
se fizermos de maio a nossa lança
isto vai meus amigos isto vai.

José Carlos Ary dos Santos




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Esquerda-Centro para uma alternativa de poder  

A vitória de Berlusconi em Itália parece ser a derrota das meias- tintas. Os eleitores estão cansados dos falatórios dos partidos, dos jogos do entretém, querem acção, coragem, determinação. Não importa se estão a votar à esquerda se à direita. As propostas políticas não importam muito. O que é preciso é fazer. Mal ou bem, logo se há-de ver. As populações votam em quem acreditam que vai fazer. Já não acreditam em promessas. O discurso ideológico vale pouco. Quem aparentar ter capacidade de decisão, aparentar saber fazer, aparentar ter um projecto credível, tem o voto maioritário dos eleitores. Para isso precisa de ter muito dinheiro, uma boa máquina de propaganda, um plano de marketing político. E mais nada!

Em Portugal o poder divide-se entre o PS e o PSD. O resto não entra nestas contas. Mas pode entrar. Em especial o Bloco de Esquerda. O PCP, tal como o conhecemos, infelizmente não tem credibilidade política para alguma vez ser poder. O Bloco de Esquerda sim. Se defender um projecto (que o têm) e bater-se por ele com coragem e convicção. Um projecto de unidade das esquerdas ao centro. Não ao centro-esquerda. Mas à esquerda-centro. Rigorosamente ao centro da esquerda ... à esquerda do PS. Um projecto socialista. Sem extremismos à esquerda ou derivas ideológicas à direita. Não sei se me faço entender!

Não sendo assim, “heroicamente” vamos continuar a resistir …para muito pouco. Para adiar. Vamos continuar a ter nas ruas muita gente a protestar, clamando vitórias atrás de vitórias (nas ruas) até à derrota final (nas urnas). Para a seguir, a um mal Governo, outro se seguir ainda pior. Sempre foi assim.Triste fado este! Para a esquerda sobrarão alguns votos de pessoas com convicções. Mas outros se perderão para a abstenção, para o desânimo, para o descanso do guerreiro. E tudo continuará igual ou pior.

Contentar-se-à a esquerda com tão pouco? Basta-lhes os protestos na rua? Ter mais ou menos alguns deputados? Talvez se o único interesse for as clientelas internas e a sua própria carreira política. A esquerda que desejo deve lutar pelo poder e repensar os projectos de unidade.

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Trabalhadores precários  


São mais de um quarto da população activa em trabalho precário, dos quais mais de 1 milhão a recibo verde. Não sabem o que são ter direitos sociais. Ter segurança mínima no emprego. Uma protecção social e salário na doença e no desemprego. Ter um vencimento minimamente decente. Ter uma vida estável para construir família. Na sua maioria são jovens licenciados. Investimos todos na sua formação com os nossos impostos e estão impedidos de construir uma carreira profissional e pôr os seus saberes ao dispor da sociedade. São os trabalhadores precários. Estranho nome. Ninguém é precário. Não acreditam nos sindicatos. Apenas querem ter o direito a um contrato de trabalho, responsável, digno, equilibrado, com direitos e deveres. Não é pedir muito. Este blogue está solidário com os precários deste país e apoia o MayDay Lisboa 2008.

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O nacionalismo proletário do PCP  

Regressado de Angola depois de uma visita a convite do MPLA, Jerónimo de Sousa declarou que “não se sente a corrupção” naquele país e que o Governo de Angola está a fazer “um esforço claro no combate à corrupção”.

Estranho: 1) Angola é o país mais corrupto dos países africanos que falam a língua portuguesa e um dos mais corruptos de África. 2) O Presidente José Eduardo dos Santos (a quem a Suíça bloqueou 100 milhões de dólares) e a sua filha Isabel dos Santos, de trinta e poucos anos, possuem colossais fortunas e controlam toda a economia nacional. 3) Os negócios do petróleo enriquecem todos os dias os dirigentes, os mediadores, os funcionários do aparelho de Estado e há uns anos foram descobertas várias contas bancárias em paraísos fiscais de dirigentes do MPLA. 4) Entre 1997 e 2021, desapareceram misteriosamente das contas do Estado, 1,7 mil milhões de dólares, por ano. 5) Enquanto isso o Povo é violentado, faltam bens de primeira necessidade, uma grande parte vive na miséria, as crianças passam fome e estão desnutridas, em cada quatro uma ainda morre antes dos cinco anos.

Perante uma tão dramática situação, a declaração de Jerónimo de Sousa é no mínimo patética. Primeiro, porque a corrupção está à vista e é conhecida de todos, segundo porque ninguém acredita que quem fomenta e beneficia da corrupção é que irá combater a corrupção.

Os gostos de Jerónimo e do PCP relativamente a certos regimes déspotas incomodam-me sobremaneira, apesar de não ser militante do PCP. Porque respeito muitos todos os homens e mulheres comunistas que lutam todos os dias contra as injustiças, por direitos sociais, pelas liberdades. Mas, peço desculpa, não é possível combater em Portugal as desigualdades, a exploração, as injustiças e defender ao mesmo tempo regimes onde esses direitos são quotidianamente violentados.

Depois da visita aos dirigentes chineses e angolanos e dos elogios a esses regimes, por onde segue o roteiro de Jerónimo de Sousa? Será pela Coreia do Norte?

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A vitória relativa dos sindicatos e a derrota relativa dos professores  

Com a devida vénia reproduzo o artigo publicado no Esquerda.Net. por João Teixeira Lopes. Sem mais palavras porque tudo o que poderia dizer seria redundante.

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    Certamente que a luta vale a pena. E que o Governo recuou. E que a avaliação perde carga punitiva e é consideravelmente aligeirada nos seus procedimentos iniciais, de pura inspiração kafkiana. Mas, uma vez mais, os sindicatos desperdiçaram, de uma assentada, a maior manifestação de sempre e o movimento porventura mais alargado que alguma vez se conseguiu.

    De novo, o medo superou a ousadia. De novo, a pressa dos dirigentes sindicais em apresentarem resultados palpáveis - uma espécie de bandeja com os louros da vitória - fez esquecer o fundamental. Mário Nogueira já ganhou o lugar de futuro Secretário-geral da CGTP e isso parece bastar.

    Esta era a ocasião para avançar e não apenas para resistir. Esta era a oportunidade para os sindicatos perceberem a importância da informalidade que se gerou no protesto nacional, muito para além dos mecanismos burocráticos de participação. Impunha-se, por um lado, discutir até ao osso a profissão docente e os novos desafios da escola pública. Exigia-se, por outro, uma ruptura face a velhos atavismos e corporativismos que degradam o movimento sindical docente (bem distintos dos que a Ministra denuncia). Esta era a ocasião para furar a espuma dos dias e começar a entender a rapariga do telemóvel, bem para alem do acontecimento e da imagem que se tornou icónica e que, de alguma forma, deixou de ter autor e de nos pertencer, entrando no imaginário colectivo e criando efeitos na realidade. A rapariga do telemóvel não é a criminosa que Mário Nogueira julga, ao apoiar a delirante vaga de criminalização dos comportamentos escolares desviantes iniciada por um Procurador populista e precipitado. É uma jovem no limiar do século XXI e não apenas uma estudante. É alguém moldado por pressões socializadoras múltiplas e contraditórias, em que a família e a escola perderam grande parte do seu poder normativo e de enquadramento. Incapazes, os sindicatos, de perceberem que nada se resolve com a punição criminal ou com mais da mesma escola (a tal que está em crise).

    Mas sem dúvida que algo poderia mudar se as escolas públicas, os professores e os sindicatos se comprometessem a combater todas as práticas de recrutamento selectivo de jovens, as tais que escolhem os discentes de origens sociais favorecidas, de molde a obterem melhores resultados, capazes, assim, de catapultarem as escolas no famigerado ranking. Ou a segregação em turmas, concentrando, tantas vezes, os alunos com piores classificações, insucesso e vulneráveis ao abandono.

    Tudo morreu na avaliação (ou nos pormenores da sua aplicação). Mas é a avaliação, apenas, o que fez sair à rua cem mil professores indignados?

    João Teixeira Lopes

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"políticos anfíbios"  

De há muito que é uma prática corrente a ocupação de lugares de responsabilidade de direcção, em empresas públicas ou privadas, por via da carreira política, alcançada nos partidos do Bloco Central.

Ser político, com poder concreto ou potencial ou então com influência no meio, sabemos todos, sempre abriu portas a muita gente: fosse para conseguir um emprego, alcançar um lugar de chefia, ou ocupar outro lugar de relevo no sector público.

De há uns tempos para cá surgiu um novo tipo de políticos: o político anfíbio nas palavras de Louçã. Um político que depois de ser ministro e continuando a ter actividade política, passado poucos anos é o presidente ou administrador de empresas, com quem antes negociava em nome do Estado. São muitos os casos, lembro-me de Pina Moura, Fernando Gomes, Ferreira de Amaral, António Mexia, Luís Todo-Bom, Vitalino Canas e agora Jorge Coelho, entre tantos outros.

Denunciar esta espécie de concubinato entre responsáveis políticos e governativos e os grandes grupos económicos, esta promiscuidade entre funções públicas e privadas, para os políticos habituados a este forrobodó, é uma indignidade, um atirar de lama, fere a honradez pessoal. Nada de mais falso.

Denunciar, debater, rebater, questionar, discutir a ética política, são exercícios de uma cidadania responsável e exigente. Os portugueses precisam de conhecer os seus representantes políticos. Que valores prezam. Que interesses defendem. O que fazem os políticos com os seus votos.

A ruidosa e indignada reacção de Sócrates e da bancada do PS foi uma defesa corporativa dos amigos e de uma classe política mal habituada a uma democracia de exigência e rigor com os responsáveis políticos.

Jorge Coelho pode ser muito honesto, tal como os outros … mas em nome da transparência, da responsabilidade política, de uma ética de rigor, estas atitudes não os dignificam, dão azo a todas as especulações, diminuem a democracia e descredibilizam os políticos. Como afirmou o ex-ministro João Cravinho: “é uma vergonha! Não é aceitável este conúbio entre público e privado.”

Não se livram da suspeita de serem de facto uns políticos anfíbios!


(a partir dos 3,30 minutos)

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Pedro Jorge: A liberdade defende-se exercendo-a!  

É operário electricista, dirigente sindical e militante comunista e interveio no Prós e Contras de 28 de Janeiro. Em palavras simples, despidas de estereótipos, pôs a nu a hipocrisia dos discursos políticos dos governantes e a mediocridade dos nossos empresários.

Em paga, por exercer o direito de livre expressão, tem um processo às costas visando o seu despedimento. Estamos no bom caminho!



(vídeo da Secção de Informação e Propaganda do PCP da O.R. de Lisboa, via 5 dias)

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O meu 25 de Abril  

Começa no dia 24 ... em Braga no Teatro Circo. Com o maior cantoautor português de sempre, Zeca Afonso à parte!


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Preciso de acreditar  

Retiraram direitos aos trabalhadores, precarizaram mais o emprego, congelaram vencimentos, diminuíram salários reais, cresceu o desemprego, aumentou o tempo de trabalho, baixaram as comparticipações em actos médicos e em medicamentos aos mais idosos, baixaram os valores das reformas, dos subsídios de desemprego, aumentaram os impostos, as taxas moderadoras, as propinas, os combustíveis, os transportes, as rendas de casa, fecharam-se escolas, cantinas, hospitais, maternidades, aumentou o fosso entre ricos e pobres e a miséria e a fome está presente em muitas famílias...


Foi com estas palavras que em fins de Dezembro iniciei um artigo no Foice dos Dedos para dar conta dos custos sociais das políticas de um Governo, em tudo rigorosamente ao contrário do prometido em campanha eleitoral e que fez o PS ganhar as eleições, depois do desastre da governação do PSD/CDS.

Mentiu portanto o Governo do Partido Socialista.

Três anos depois o Governo quer fazer-nos crer que estamos a caminho do "país das maravilhas" depois de controlado o défice das contas públicas. Mas como afirmou Louçã num comício em Santa Maria da Feira, o défice social continua: é o desemprego, a precariedade, as pensões baixas, os problemas na Saúde e na Educação. Tudo isto é défice!

Mas o que me despertou a atenção foi uma frase no discurso de Louçã: "O Bloco está pronto para toda a responsabilidade". Ora esta frase precisava de ser descodificada. Significará que o Bloco está finalmente a assumir-se como um partido de poder? Ou estamos apenas perante uma operação de charme ao eleitorado socialista? Ou será que estará a dizer à esquerda toda que é tempo de abandonar grupismos e preconceitos e avançar para convergências concretas ? Muitas perguntas poderiam ser feitas. O que me parece é que esquerda não se pode ficar pelas afirmações bombásticas se quer ter a credibilidade suficiente para se constituir como uma alternativa séria. Há que avançar com propostas concretas!

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PT: 5 milhões de euros a dividir por sete admnistradores.  


A Administração da Portugal Telecom é indecente. Não porque no ano passado apenas deu cerca de 1,5 por cento de aumento salarial. Ou porque este ano apenas quer dar 1,87 a salários inferiores a 1065 euros e congelar acima dos 2000 euros. Também não por ter acabado com as progressões automáticas. Ou por ter agravado o acesso ao sistema de cuidados de saúde. Ou ainda por exigir mais trabalho, mais desenrascanço e mais resultados, com menos pessoas e menos meios, depois de dispensar da actividade, largas centenas de trabalhadores, com suspensão do contrato de trabalho.

Não! O que verdadeiramente é indecente é que depois de exigir estes sacrifícios aos trabalhadores, a Administração da Portugal Telecom se auto-premeie com 4,98 milhões de euros pela derrota da OPA, a que se junta ainda, segundo o Jornal de Negócios (via esquerda.net), os prémios anuais, sobre os resultados. Uma vergonha!

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