Boas férias  


Embora sejam umas férias caseiras é presumível que apareça menos vezes por aqui durante uns tempos.

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Está feita a ruptura entre o Bloco e Sá Fernandes.  

Não vale a pena esconder: se havia dúvidas elas dissiparam-se. Está feita a ruptura do Bloco de Esquerda com Sá Fernandes em Lisboa.

Na última sessão da Câmara de Lisboa, Sá Fernandes, votou a favor de uma proposta do PS de reestruturação da EPUL que extinguiu as SRU deixando de fora a Getalis. Todas estas empresas concorrem para o mesmo objectivo no mercado da habitação, a EPUL para a construção, as SRU's para a reabilitação, a Gebalis, para a gestão dos bairros. A comissão concelhia do Bloco critica o seu Vereador por ter votado uma reestruturação que não incluiu a Gebalis,conforme previa o acordo de Lisboa celebrado com o PS, no que considera uma oportunidade perdida, enquanto Sá Fernandes considera não ser o momento oportuno, mas não uma proposta abandonada.

Eu dou o benefício da dúvida a Sá Fernandes. Se ele diz que continua a defender a extinção da Gebalis eu acredito nos motivos que invoca: problemas para resolver devido a uma "situação financeira muito difícil, com um enorme passivo e com capitais próprios negativos e por razões que se prendem com irregularidades em anteriores mandatos que estão em segredo de justiça".

O Bloco queria a reestruturação já e Sá Fernandes diz que precisa de mais tempo para fazer tudo com transparência.

Quem tem razão? Não sei. O que se pode concluir é que a relação está completamente destruída. É elucidativo que o diálogo tenha passado para a opinião pública com comunicados de ambos os lados: um comunicado do Bloco e uma resposta do Gabinete do Vereador.

O que não posso aceitar são os processos de intenções que por aí perpassam de um e de outro lado. Lamentável!

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Ainda os acontecimentos em Loures.  

É um bocado isto:

sobre os acontecimentos de Loures há quem se indigne com os moradores ciganos e africanos dos bairros, pelas rendas de 3 e 4 euros, parecendo esquecer que os valores fixados são da inteira responsabilidade dos municípios;

por não serem pagas as rendas ou pela degradação dos bairros, quando é sabido que a responsabilidade pela gestão dos bairros é dos seus proprietários, para o que bastaria apenas exercer a sua autoridade legal e não deixar abandalhar o património público;

por não ser paga a água, a electricidade, sei lá mais o quê, sem questionarem que compete às empresas fornecedoras assumir como deve ser o corte do fornecimento;

por receberem o rendimento mínimo e outros benefícios sociais atribuídos pelo Estado, quando presume-se que os recebem de acordo com as leis ou não se percebe outro modo.

- lê-se tudo isto com alguma candura e ninguém ousa pedir responsabilidades a quem é devido em primeiro lugar: aos responsáveis políticos e às empresas que fornecem os serviços que denotam incompetência, desleixo e abandono das suas responsabilidades políticas, sociais e empresariais.

Tivesse havido um tratamento competente e interessado e isto não seria notícia, agora: antes de mais, portanto, a responsabilidade deve ser pedida a quem tem por dever, zelar com competência, o condomínio dos bairros; a quem caberia fazer cumprir responsabilidades assumidas, em tempo útil, em vez de despejar autenticamente aquelas pessoas, sem cuidar de gerir o bairro. Se compreendo que se critique a actuação das pessoas que actuam à margem de regras mínimas de convivência em sociedade, não consigo perceber que os dirigentes responsáveis pela gestão dos bairros e pela forma como são concebidos, saiam incólumes desta trapalhada toda.

Também aqui me parece haver dois posicionamentos políticos claros: à esquerda procura-se resolver o problema da pobreza associado a estes conflitos, à direita procura-se tirar dividendos políticos demagógicos, com base em pressupostos de injustiça relativa.

Enquanto na área da esquerda se procuram explicações para identificar e resolver os problemas da pobreza não deixando de destacar a incompetência dos líderes em todo este tempo, incapazes de encontrar soluções equilibradas, já na área centro/direita, por seu lado, pretende-se atirar pobres contra pobres e desresponsabilizar os líderes políticos, cujas soluções são, tão-só, empurrar os pobres para guetos, sem mais, deixando-os à sua sorte.

E isto que precisa de ser discutido: como resolver o problema da pobreza e gerir os fenómenos culturais de cada comunidade. Pela via da integração ou multicultaralidade ou um sistema misto equilibrado?

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Porque se enerva Sócrates?  

Por cá hoje, pelas 21,30 horas, na Praça da República, comício do Bloco de Esquerda com a presença de Francisco Louçã.

Eu vou ouvir o único deputado que consegue enervar a sério o nosso Primeiro-ministro. Vou tentar perceber porquê.

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Loures, a miscigenação, os ciganos  





Para mim não existem raças ou existem mas vão acabar. É uma questão de tempo. Com o crescendo da globalização, dos fluxos migratórios, do contacto e a convivência entre diferentes raças e etnias, com o abraçar de novos comportamentos, o partilhar de experiências e culturais, com as raças a perder as suas peculiaridades, com novos acasalamentos, a fusão de genes, a incorporação de uma cultura global, o fim das raças é uma inevitabilidade. O dia virá em que apenas haverá uma nova e única raça: a raça humana.

É sabido que não existem evidências científicas de superioridade de determinadas raças (e mesmo que houvesse!..) mas ainda assim existem grupos fascistas e racistas que assumem comportamentos vergonhosos, agora e principalmente no passado. A cultura de superioridade chegou ao extremo de ensaiar o “apuramento” da raça que envergonhou a nossa história, sendo responsável ao longo dos tempos, por milhões de mortos em todo o mundo.

Os acontecimentos em Loures envolvendo africanos e ciganos, são um caso de incompreensões mútuas, de racismos e preconceitos latentes que o tempo trouxe e o tempo apagará. A alocação dessa gente, martirizada pela história, a “bairros” específicos, tipo circo de feras, mais ou menos tudo ao molho e fé em Deus, tratados como gente inferior, gente prisioneira de uma situação económica e social frágil, desinseridas do meio global, afastadas dos espaços comuns, dos lugares comuns, mais tem contribuído para espicaçar os orgulhos, para criar espíritos de grupo, seitas e mesmo gangs, com o propósito, muitas vezes apenas de provocar, de chamar a atenção, de raiva tantas vezes.

Não defendo paternalismos mas defendo menos a exclusão. Os negros africanos e os ciganos são tão bons e tão maus como nós outros. Não concebo outra possibilidade. Como disse mais atrás é uma questão de tempo. Um tempo em que as migrações intercontinentais, forje um novo homem. Uma única raça. Até lá há que promover políticas de integração total, sem exclusões e sem paternalismos excessivos. Reconhecendo direitos e exigindo deveres.

Por fim quero deixar expresso que tenho uma particular afeição pelos ciganos. Não apenas pela sua forma de estar e viver, mas também por algumas histórias que a eles me ligam. Começo por dizer que aqui em Viana do Castelo, são pessoas que aos poucos se foram integrando no meio, embora nunca ao ponto de perderem a sua identidade. Conheço pelo menos duas gerações de ciganos da Família dos Horácios. Um deles fez comigo a escolaridade básica e os outros frequentaram espaços e lugares comuns: a sopa da Misericórdia a Casa dos Rapazes o Socorro Social.

A maior parte deles tinha uma relação muito especial com a minha Mãe que era sucateira. Apesar de haver dois sucateiros só vendiam sucata à minha Mãe. Outra coisa que a minha Mãe sempre nos referiu é que nunca, ao contrário de outros, a tentaram enganar (também não era fácil apesar de completamente analfabeta).

Por causa disso tenho duas “estórias” engraçadas passadas nas últimas autárquicas era eu cabeça de lista à Assembleia Municipal pelo Bloco de Esquerda. Depois de me reconhecerem como filho da Srª Maria, numa distribuição de propaganda, logo disseram que iam todos (prometeram mais de cem votos) votar em mim, por ser filho de quem era. A segunda foi uma reacção enérgica contra o Jerónimo de Sousa por ter referido numa intervenção, o dito popular, “ um olho no burro e outro no cigano” que os indignou de uma forma que nem Vos conto.

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Às vezes o amor...  

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Erotismo ecológico-vegetariano  


Não entendo certa poesia erótica
Que fala de néctar em vez de orgasmo
Que compara a pele a fruta
E que descreve os cheiros do corpo
Como aromas tropicais
Em que sexo é tronco
Os membros ramos
E todo o acto em si é descrito
De um modo ecológico e florestal.
Gosto da carne que é carne
Do cheiro salgado e penetrante do suor
Gosto de braços e pernas
Que atam e prendem como correntes
Gosto do sexo que não é tronco
Mas espada, lança
Que penetra e atravessa
E porque é músculo, carne e sangue
Se sente dentro a pulsar.
Talvez o próximo seja
Estar-me lixando para a ecologia
Não ser vegetariana e ser pouco vigiada.
Mas quando leio amor
Gosto de sentir amor.
Quando leio sexo
Gosto de sentir um arrepio na pele
Como se as letras fossem saltar do poema e tocar.
Gosto de acto descrito com a força do desejo
Carnal, instintivo.
Gosto do poema à flor da pele
Que faz o coração acelerar e dizer:
Porra, isto sim é fazer amor
Isto sim é sentir amar!

in Encandescente, pág. 32, Edições Polvo 2005

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Futuro agora  

Não gosto de Victor Constâncio, pronto. Não gosto das suas recomendações. Estou farto de o ouvir dizer que é preciso fazer sacrifícios. Sacrifícios e mais sacrifícios. E sempre para os mesmos. Foi com Durão Barroso, Santana Lopes, é com Sócrates. Este homem só sabe dar más notícias aos portugueses que vivem honestamente do seu trabalho. E é um perito a desculpabilizar as más políticas dos Governos. Por acaso nunca lhe ocorreu pedir uma maior e melhor distribuição dos sacrifícios.

Porra quando até Fernando Ulrich, Presidente do BPI, recomenda “um agravamento do IRS para rendimentos altos e uma nova taxa no IRC para lucros acima de 100 milhões de euros, o fim da isenção das mais-valias e o aumento da tributação sobre depósitos bancários e obrigações”, o homem não é capaz de dar um pequeno sinal aos grandes. Mas, pudera, como pedir aos outros, se ele próprio foi o primeiro a renovar a frota por carros topo de gama do Banco de Portugal, despendendo apenas 1,2 milhões de euros em tempo de crise.

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Audácia  


Dispo-me de roupa e de preconceitos
Chuto contra a parede sapatos e tabus
Fico assim exposta e disposta
A nudez confiante e desafiante
O corpo pergunta
Esperando respostas
Esperando audácia no avanço do teu

Encandescente, pág. , edições Polvo 2005

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Os camaradas do PCP andam um pouco confusos  

Esta análise de Jerónimo de Sousa/PCP não tem pés nem cabeça. Admitir que o PSD pode assinar um acordo de incidência parlamentar com o PS é não conhecer a natureza deste partido, mais do que qualquer outro. O PSD quer apenas ser governo para exercer o poder. Para ter o domínio e influência em áreas chaves da sociedade. Onde tudo se decide e tudo se ganha. O PSD precisa de ser governo para dar lugares à cambada. O PSD quer ministros, secretários de estado, directores, assessores, consultores, secretários e todo o corte em sua volta. O PSD quer ser governo para servir os amigalhaços. Para dar lugar aos amigalhaços. O PSD quer ser governo para se servir e servir os interesses de terceiros muito importantes. O PSD na oposição não existe é um verdadeiro saco de gatos assanhados. Admitir que o PSD poderia fazer um acordo de incidência parlamentar, seria acreditar que o PSD tem um registo de serviço público e de espírito de missão. Não tem claro! Mas o PS também não lhe fica muito atrás.

Ao PCP não lhes falta apenas propostas alternativas e consistentes, falta-lhe também capacidade de análise, diria que marxista.

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Como o Verso  


Prefiro escrever palavrões
A escrever chavões
Prefiro a palavra curta e directa
À comprida e indecifrável
Prefiro o verso rafeiro
Ao verso elaborado
Prefiro a falta de métrica
À falta de ética
Prefiro a falta de rima
A ter de dobrar a espinha
Do verso
Que quero directo
Rafeiro
Não preso a uma métrica
Que é mera estética
Cosmética
Livre de chavões
Que são palavrões sem significado
Curto, directo
Dizendo o que é
Não elaborado
Verso rafeiro que não dobra a espinha
A do verso
Ou a minha.

in Encandescente, pág. 26, edições Polvo, 2005

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A oposição tem um rosto  


Sócrates mostrou-se sempre muito indignado quando a oposição de esquerda afirmava que muito do aumento do preço dos combustíveis era especulativo e que era preciso colocar um travão à especulação.

Agora mudou de opinião (depois de outros dirigentes europeus o fazerem) e decidiu aplicar a chamada taxa Robin do Bosques, aplicando uma taxa suplementar de 25 por cento sobre os lucros calculados da especulação. Se não ouvi mal o valor especulativo foi estimado em 400 milhões de euros. O que quer dizer que o Governo vai arrecadar sobre estes lucros especulativos, 100 milhões de euros enquanto as empresas petrolíferas beneficiam em 300 milhões de euros.


Quanto aos preços finais aos consumidores nada muda. Ou seja o que o Governo faz é ir buscar aos lucros especulativos uma parte do roubo. Ao fim e ao cabo a especulação acaba por servir tanto ao Governo como às empresas petrolíferas.

Francisco Louçã, se também percebi bem, diz que isto é uma inversão da lenda do Robin dos Bosques que dizia-se roubava aos ricos para dar aos pobres. Aqui o Robin dos Bosques fica com um quarto do produto do roubo. Ou seja o Robin dos Bosques, nesta alegoria, é também ele um ladrão como os outros, mas um ladrão mais pequeno.

O que Louçã disse afinal é que esta taxa não resolve o problema fundamental: os preços dos combustíveis não são mexidos e os portugueses continuarão a sofrer na carne a crise e alta dos preços. E o Governo arrecada mais uns impostos. Tudo bem portanto.

Sócrates irrita-se muito! Que não admite ataques pessoais. Que Louçã não tem o direito não sei de quê. Que aquilo não é uma RGA. Louçã responde que não vai aceitar que lhe digam o que deve ou não dizer e no tom e forma que achar conveniente. E que estará ali ou noutro sítio qualquer a defender que Sócrates também possa dizer o que lhe convier dizer em liberdade. Porque a liberdade de opinião não tem preço. Faltará saber se Sócrates estaria nessa barricada.

Estou a meio do debate do Estado da Nação. Apetece-me dizer ainda bem que temos um Francisco Louçã no parlamento. Apenas ele faz oposição a sério. O resto é uma tristeza. A direita está comprometida com o seu passado e não é alternativa é alternância. O PCP está prisioneiro de um discurso repetitivo, enjoativo e sem ideias.

Vou continuar a assistir. Talvez volte ainda hoje!


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Impressões II  

As últimas sondagens da Eurosondagem e da Aximate dão uma aproximação dos dois maiores partidos nas intenções de voto, quase um empate técnico.

Não sei bem porquê mas julgo que esta tendência se irá acentuar à medida que se aproximam as eleições ao mesmo tempo que os partidos mais pequenos, vão descer nas intenções de voto, depois de um largo período em alta, especialmente os partido de esquerda.

Tenho cá para mim que se tratam de mais umas vigarices. Estas "sondagens" servem o PS e também o PSD. Servem especialmente para tentar junto dos seus eleitores habituais, um toque a reunir. Ao PS serve para fazer passar a ideia de que isto está difícil e ao PSD de que isto afinal é possível.

É um toque a reunir pelo voto útil.

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Impressões I  

Suspeito bem que a crise internacional veio favorecer muito o Governo. Nesta salgalhada muita gente acaba por não saber muito bem, o que são responsabilidades do Governo e as que resultam da turbulência internacional.

Cá por mim não me esqueço de que Sócrates afirmou com todas as letras que iria baixar o desemprego e acusou mesmo o Governo anterior de que a taxa de 7,1 por cento eram "a prova de uma governação falhada e de uma economia mal conduzida" e que actualmente a taxa de desemprego, segundo a OCDE, se cifra em 7,5 por cento,o terceiro maior da União Europeia.

Também não me esqueço das alterações laborais, ao contrário do prometido, que foi mais um passo atrás nos direitos sociais e mesmo civilizacionais.

Ou nas alterações das fórmulas de calculo das reformas, mesmo para quem estava à porta de saída, penalizando fortemente as pensões. E no aumento do fosso entre ricos e pobres, o maior da Europa.

E acima e tudo porque O Governo faltou à palavra dada. Foi o referendo europeu. Foram as reformas ao contrário do que tinha proposto e prometido. E não serve a desculpa de que não conhecia a situação económica. Os princípios políticos não se vendem. O Governo prometeu-nos um Governo de esquerda e governou à direita. E isto não tem nada a ver com a crise internacional.

E não digo mais para não me repetir.

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É tua  


Quero roubar-te a alma
Por isso te devoro o corpo.
Na tentativa de encontrá-la
Na tentativa de capturá-la
Em algum recanto secreto
Que a minha mão ainda não tocou
Que a minha boca ainda não beijou
Que ainda não descobri.
Por isso te prendo nos braços
Te saboreio aos pedaços
E respiro na tua boca
E pergunto na tua língua
Onde guardas a alma
Que ainda não vi?
E tu respondes sorrindo
Apertando-me nos braços
Depois do espasmo final
Depois da entrega total:
- Não a tenho. Está em ti.

in Encandescente, pág. 18, Edições Polvo, 2005

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Se te confesso  

Se te confesso
Que és o meu leito
Que em ti me deito
E em ti durmo
E contigo sonho.
Se te confesso
Seres causa e consequência
Dos meus desejos e fantasias
E que para ti me reinvento
Para outra ser
Sendo a mesma
Todos os dias.
Não digo senão do amor.
Para que seja presente
Para que esteja presente
Para que seja constante
Mas sempre novo a cada dia

In Encandescente, pág.7, edições Polvo, 2005

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A habilidade do ladrão  

Em forma de poesia barata aqui ficam as minhas impressões sobre os acontecimentos últimos do futebol da nossa parvónia. Que viva o futebol e se acabem com os milhões. E se salvem os mexilhões!

A habilidade do ladrão!

As provas estão feitas
O Porto tentou e não conseguiu
O Boavista tentou e conseguiu
As diferenças estão apenas num não
Não está na corrupção
Essa está à mão

O Porto pela tentativa
Foi desculpado
Perdeu seis pontos sem mais agravo
O Boavista pela consumação
Foi condenado
Desceu de divisão ficou esmagado

Entre o conseguir e não conseguir
Consumar a corrupção
Vai a habilidade do ladrão
Vai o passo de um anão
Em todo o lado sim no Futebol não!

O Porto chico-esperto
Para não perder pontos p’ro ano
Às balas deu o peito aberto
Para não ter pontos negativos
Não pediu efeitos suspensivos
Confessou-se inocente, culpado

O Benfica como é natural
Ninguém o deve levar a mal
Arrisca agarrar a oferta
Mesmo que por porta travessa
E aceder à prova primeira da UEFA

Antevendo um tropeção
Depois de tamanha aberração
O Porto marrão
Desperta da lassidão
Gritando alto aí
Isto não pode morrer aqui

A UEFA confusa
Perante uma informação difusa
Nebulosa, Manhosa
Faz um compasso de espera
Faz de conta que se esmera

Entretanto manda recados
Para as gentes destes lados
Ou bem que a coisa assenta
Ou isto vai ou arrebenta

Julgando haver trânsito em julgado
E enquanto não há definitivas decisões
O Porto vai à Liga dos campeões.

As contas fazem-se no fim
Mas por cá é bem diferente
Ante um resultado esperado adverso
Troca as voltas ao senhor do Mastim
Dá-se por fechado o expediente
E que se lixe o badameco
Desde que o Papa fique contente.

Por crápulas, máfias e outros que tais
Está o futebol dominado
Minado, Destroçado, Arruinado
Gente importante ganhando milhões
Juízes, advogados, empresários, ladrões
Jogadores, treinadores, médicos, glutões
Tudo isto muito embrulhado
Entregue aos bichos não era demais

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A palavra é minha quando escrevo  


Nunca sou tão livre como quando escrevo.
Quando pego nas palavras nascem-me asas
Crescem-me garras
E caminho em liberdade
Sem limites para os passos
Sem rumo nem direcção
E não há obstáculos, barreiras
Se não há caminhos não há fronteiras
Que me travem, que me barrem
Porque a palavra é minha quando escrevo.
Se a quero terna, sou amante
Se a quero arma, sou guerreira
Faço amor ou revolução.
Nunca sou tão livre como quando escrevo
Como quando abro as asas
Como quando cravo as garras.

In Encandescente, pagina 5, edição Polvo 2005

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A mentira da descida do IVA  

Publicado no Troll-Urbano de onde retirei as provas da vigarice.

Depois do número de propaganda do Ministro da Economia às grandes superfícies, acompanhado das televisões, aí está a prova se é que fosse necessário: uma garrafa de gás butano da Galp com o mesmo preço final, antes e depois da descida do IVA em 1 por cento, sem "esquecer" de mencionar o IVA a 21 e 20 por cento, respectivamente.


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Prescrição para males de amor  

Um dia a poeta fechou o melhor espaço de poesia de autor. Quero dizer: não a de poesia que outros publicam de outros ou outras poetas, mas a poesia de quem faz o poema. Todos os dias, em mais de dois anos creio, o Erotismo na Cidade era o meu e também o de milhares de leitores, um porto de atracagem obrigatório. Todos os dias a Encandescente tinha algo para nos dizer, tinha o poema à mão, acabado de fazer, sobre a actualidade política ou social, ou um outro que lhe suscitasse perplexidade, inquietação ou tão-só para despejar amor. Eu ficava fascinado com a qualidade do poema, com a intensidade das palavras, a profundez da mensagem.

Depois de pelos meus provectos sítios terem transcorrido poemas dos meus amigos, Álvaro de Oliveira (extraordinário poeta e romancista, com mais de uma dúzia de livros publicados- que me deu a extrema honra de apresentar a Balada de Orvalho, na XXVI Expo-Feira do Livro –X da Lusofonia de Viana do Castelo) da Adelaide Graça, querida amiga de sempre, poeta e contadora de histórias de amor, de afectos, e paixões sem par) e o saudoso Alfredo Reguengo, lutador anti-fascista e militante comunista, através dos seus poemas da Resistência, por o Sentido Único, vão passar os poemas da Encandescente, para memória futura, dos dois livros que lhe adquiri e que fez o favor de autografar.

Um por cada dia irei publicando um poema da Encandescente. Começo precisamente por um deles que correu pela Internet e que foi foi lido aos microfones da Antena 1 pela primeira vez pelo Prof. Júlio Machado Vaz que lamentou não conhecer a autora. Mais tarde, a Encandescente prestou o seguinte esclarecimento: O poema foi escrito no dia 15 de Março às 18,29 precisamente na hora exacto em que foi publicado porque todos os seus poemas eram escritos online. Lamentou que alguém usasse o nome ,sem pedir citar a fonte, dado os mesmos estarem protegidos pelos direitos de autor e registados na Sociedade Portuguesa de Autores.

Aí vai portanto o primeiro.

"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;"


Ah Camões
Se vivesses hoje em dia
Tomavas uns anti-piréticos
Uns quantos analgésicos
E Xanax ou Prozac para a depressão
Compravas um computador
Consultavas a página do Murcon
E descobririas
Que essas dores que sentias
Esses calores que te abrasavam
Essas mudanças de humor repentinas
Esses desatinos sem nexo
Não eram feridas de amor
Mas somente falta de sexo.

In Encandescente, pág. 5, edições Polvo, 2005

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Em que ficamos afinal?  

Há uns dias, Jerónimo de Sousa, em conferência de imprensa para apresentar as conclusões da reunião do Comité Central, disse que o Bloco e os socialistas da linha do Alegre estavam fora do projecto de convergências " de todos os que estão empenhados num projecto de ruptura com a política de direita" porque a oposição ao Governo não se faz com paliativos ou para descansar a alma.

Perante a critica de que afinal o PCP só quer fazer convergências com ele próprio, muitos militantes comunistas, retorquiram que a citação atribuida a Jerónimo de Sousa era falsa. Fazendo uma pesquisa no Google encontrei referências no mesmo sentido nas edições on-line do Diário de Notícias, Público, Lusa, TVI e Açoriano Oriental.


Mas não foi preciso esperar muito para confirmar esse mesmo entendimento. Agora quem disse o mesmo, mas por outras palavras, é o membro da Comissão Política, Jorge Cordeiro, num artigo do Avante, intitulado de "Incoerências de uma esquerda inconsequente", segundo o Público. A edição on-line do Avante ainda não está disponível no momento em que escrevo estas linhas.

O artigo é curioso e revelador do entendimento do PCP no que respeita a convergências. Por um lado acusa os organizadores da iniciativa do comício-festa de Lisboa (que reuniu Bloquistas, Alegristas, Renovadores Comunistas, Independentes e militantes do PCP), de não terem convidado o PCP. Mas por outro lado, diz que o objectivo do encontro foi o de abrir "espaço de manobra ao PS" para o apresentar como partido de esquerda e que o comício-festa serviu "objectivamente o PS".

Afinal em que ficamos?
O PCP quer ou não a convergência com este Bloco, estes socialistas, estes renovadores comunistas, estes independentes e comunistas do PCP que subscreveram o apelo ou querem o quê afinal?

O PCP não pode acusar os outros de sectários por não os convidarem e depois achar que eles não são suficientemente de esquerda ou suficientemente consequentes o suficiente para fazerem parte de uma convergência "de todos os que os que estão empenhados num projecto de ruptura com a política de direita". Onde estão esses então?

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A cara de sonso de Sócrates não nos deve levar ao engano  

A entrevista de Sócrates à RTP não trouxe novidades de maior.

Sócrates face às dificuldades económicos e sociais que se vão agravando, encena a auto-comiseração, o papel de vitima, insinua quase uma ingratidão dos portugueses, desculpa-se com a conjuntura internacional, descarta responsabilidades próprias, culpa os outros, os que governaram antes, os que nunca governaram, os que apresentam propostas, os que não apresentam, tudo serve para justificar o falhanço das suas políticas que trouxeram mais desigualdades, mais desemprego, mais injustiça social, mais perda de direitos, menos qualidade de vida e de protecção social, para um grande sector da sociedade portuguesa.

Claro que Sócrates estava "obrigado" a apresentar qualquer coisa, uma novidade, uma proposta, uma medida, o país não estava a aguentar a ausência de uma resposta face à crise dos combustíveis e ao agravamento da situação económica das famílias. Foram apresentadas três. São bem-vindas. Qualquer medida que ajude as famílias em dificuldade só podem ser bem-vindas. Apenas se lamenta que não tenha sido tomada antes.

A dedução de IRS nas despesas com habitação para as famílias com menor rendimento são de aplaudir. A descida do limite superior do IMI é positiva. Os municípios salvo raras excepções aplicam o limite máxima da taxa, como mera medida contabilística para arrecadar receitas à custa dos contribuintes, em vez de fazer aplicações diferenciadas das taxas e exercer com competência uma verdadeira gestão urbanística. Já sobre a aplicação da famosa taxa Robin dos Bosques (que a oposição de esquerda de alguma forma já tinha sugerido e que mereceu os maiores impropérios do Primeiro-ministro - que isso era irresponsável, demagógico, que nunca iria intervir no mercado, etc, etc.) diz que está a fazer estudos, blá, blá, blá, bla, não sei se sai da fase de estudos.

O que verdadeiramente impressiona em Sócrates, é o autismo, a arrogância, a presunção, é que um dia recuse com veemência e mesmo má criação, propostas séria e responsáveis e nalguns casos, posteriormente, seja "obrigado" a tomar algumas das medidas propostas, fazendo-o como se nada se tivesse passado.

Na verdade o que se critica em Sócrates não é a ausência de medidas. O que se critica são as escolhas de Sócrates. As escolhas que criaram desequilíbrios económicos e sociais graves na classe média e nos mais desfavorecidos. O que se critica é que a repartição de sacrifícios não existiu ou quando muito pendeu sempre para o lado dos que menos podem. Mas são escolhas. E sobre essas escolhas os eleitores socialistas do PS devem pensar muito bem se foi para isto que votaram no PS.

A conjuntura económica internacional de agora é apenas uma parte do problema. O que fica deste consulado é um país ainda mais pobre, ainda mais desigual, com um ainda maior desemprego e acima de tudo sem esperança. O resto são desculpas de mau pagador.

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Coisas que nos devem envergonhar  



Creio que foi no concerto de José Mário Branco na Casa da Música do Porto, no espectáculo único e memorável do Mudar de Vida ou talvez no concerto de Abril em Braga, ou estará na letra de alguma da suas músicas do último álbum Resistir é Vencer, sei lá mas também não interessa muito onde foi, mas foi dito por José Mário Branco isso tenho bem a certeza "...que os nossos valores, são os valores ...da Bolsa de Valores" foi mais ou menos isto.

É bem verdade! Hoje perderam-se os valores da solidariedade, da amizade sincera, para valer o salve-se quem puder, o individualismo, a competição, a indiferença com o sofrimento dos outros. São coisas que nos deveriam fazer corroer por dentro.

Este vídeo de uma doente que morre na sala de espera (o facto de ser um um Hospital Psiquiátrico não desculpa absolutamente nada), perante a indiferença de funcionários e seguranças é um bom exemplo de como está instalada a indiferença geral. A assistência deu-se 45 minutos depois mas já era tarde.

O caso passou-se nos Estados Unidos mas podia ter sido em qualquer Hospital do mundo.

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Finalmente livre!  

Depois de um cativeiro de mais de seis anos, Ingrid Betancourt, e mais outros reféns, foi resgatada pelo exército colombiano das garras das FARC para indescritível alegria dos familiares, dos amigos e de todos os que defendem as liberdades e a paz contra o terrorismo criminoso que não olha a meios para atingir os fins, na sua sanha criminosa.

O terrorismo é uma forma inaceitável de combate político, por muito que se possam afigurar justos alguns dos objectivos que lhe estão subjacentes. Mas esta forma de acção, mais tarde ou mais cedo, invariavelmente, acaba por atingir vitimas inocentes, ao não discriminar os alvos políticos. O caso das FARC é um bom exemplo de uma organização criada com princípios justos, que progressivamente se transforma numa organização terrorista, inicialmente ligada aos barões da droga, para depois passar mesmo a exercer um total domínio e controlo sobre a produção e o comércio da cocaína, como forma de subsistência.

Acabam sempre por tornar-se organizações criminosas da pior espécie.

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Gigantesco embuste, diz Louçã  

O Ministro Manuel Pinho levou as televisões a uma grande superfície para mostrar que a descida de 1 por cento no IVA se reflectiu nos preços. Um grande embuste. Na verdade o Ministro não nos podia demonstrar que os preços não sofreram antes um aumento de 1 por cento que anularia a descida dos preços que pretendeu mostrar. Mas dou de barato. Mas já agora aconselharia que daqui a uma semana voltasse ao mesmo hipermercado, outra vez com as televisões atrás e verificasse novamente os preços. Talvez nessa altura se desse conta de como foi um verdadeiro palhaço. Sem ofensa para os palhaços obviamente.

Razão tem o Louçã: melhor que baixar o IVA em 1 por cento que representa para o Estado uma quebra de receitas entre 300 a 400 milhões de euros (que vão reverter em benefício único das empresas) seria que tivesse aproveitado a folga orçamental para reforçar as pensões mais baixas, como o Bloco propôs e o PS recusou.

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Uma alternativa aos governos de alternância  


Na reunião do último de fim-de-semana o Comité Central o PCP apelou à "convergência com todos os que estão empenhados num projecto claro de ruptura com a política de direita" mas segundo o Diário de Notícias, "Jerónimo de Sousa, recusou a ideia de que esta possa ser feita com o BE ou com parte do PS".

Conseguem entender?
Digamos que o PCP tem uma maneira muito peculiar de ver as convergências à esquerda. São as convergências do PCP com ele próprio.

Sejamos claros! A unidade das esquerdas é uma necessidade importantíssima se realmente pretendemos mudar alguma coisa, se estivermos verdadeiramente e não apenas nas palavras, apostados numa sociedade com um maior justiça social e mais respeitadora da dignidade das pessoas:

Que aposte claramente nas qualificações, nas tecnologias, nas ciências do conhecimento. Em políticas de emprego, de saúde, de habitação e de educação, verdadeiramente ao serviço das pessoas. Que aposte na melhoria das condições sociais, na diminuição do desemprego, numa melhor qualidade de vida para todos, e muito em particular, para os mais pobres e os mais idosos.

Mas não adianta bater no ceguinho. Os caminhos da unidade das esquerdas fazem-se com as esquerdas interessadas. E faz-se respeitando o pluralismo das esquerdas.
Mas não sejamos ingénuos. O caminho não é fácil. E o caminho faz-se caminhando.
A experiência do comício-festa de Lisboa foi bonita. Como foi a da despenalização do aborto. É preciso dar-lhes continuidade.

Mas se as esquerdas quiserem ser mesmo uma alternativa de poder, é preciso muita esquerda. Somar esquerdas. Ganhar a confiança social. Credibilizar uma alternativa séria e exequível.

E desde já reafirmo o meu caminho: o desafio de apresentação de um programa mínimo de Governo.

Um programa reformista mas de ruptura profunda com os modelos de desenvolvimento neoliberal, um programa virado para fazer o pleno das esquerdas tanto quanto possível, sabendo-se que "uma política de unidade na diferença, exige humildade, responsabilidade, "desapego" ideológico, consensos, mestria, inteligência, face à complexidade de opiniões, de interesses, de responsabilidades, que a cada momento haverá que dar respostas…"

Ao Bloco de Esquerda caberia, por razões que têm a ver com o seu projecto (inicial) de construção de uma nova esquerda, moderna, exigente, de confiança, comprometida com a causa socialista e com as desigualdades sociais, a árdua tarefa de apresentar esta proposta às restantes forças e movimentos de esquerda.

Agora e já!

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