Assim muito de mansinho para não criar polémica  

Os sequestradores do avião sudanês depois de libertaram os 187 passageiros e os 8 tripulantes acabaram por se entregar às autoridades líbias, esta tarde, depois de negociações que duravam desde terça-feira à noite. Não houve mortes, feridos, nem casos de violência. E as negociações foram pacientes.

Talvez seja abusivo comparar com o assalto e sequestro ao BES em Campolide, embora tal como cá, houvesse pessoas sequestradas e certamente correndo perigo de vida.
Mas encontro pelo menos duas diferenças e um ponto em comum: 

a) as negociações foram mais pacientes; aqui foram oito horas e achou-se que era demais, na Líbia foram as horas necessárias até à rendição, desde ontem à noite até esta tarde. b) o objectivo foi sempre o de obter a rendição, sem tentar atrair os negociadores para o ponto de mira dos snipers ou recorrendo à violência, não havendo por isso mortos nem feridos a lamentar.
O ponto em comum: cá como lá a libertação dos sequestrados, a actuação dos negociadores e das forças policiais, foram saudadas pela população. Só que aqui houve pelo menos um morto (eram para ser dois) e um ferido. E fomos apesar de tudo mais efusivos.

E não pretendo dizer mais nada.


3 comentários

  • Mac Adame  
    29 de agosto de 2008 às 12:10

    Desta vez não posso concordar. Não houve nenhuma morte a lamentar no caso do BES. A polícia (para variar) fez um bom trabalho. É assim que se resolvem as coisas com sequestradores, matando-os à primeira oportunidade antes que os mortos sejam os reféns. Na Líbia não morreu ninguém, mas em quantos sequestros já não morreram não sei quantos inocentes? Mais: que dirias se estivesses na pele da refém? Não quererias que aquele pesadelo acabasse o mais depressa possível?

    P.S.: Eu considerei-me de esquerda durante muitos anos (em relação a política económica e outras, continuo a sê-lo). Mas um dos motivos pelos quais já não me considero de coisa nenhuma é que os esquerdistas têm todos esta tendência para, em nome dos direitos humanos, se preocuparem tanto com a integridade física dos criminosos como com a das vítimas. E isso para mim não faz sentido.

  • Anónimo  
    29 de agosto de 2008 às 19:10

    Creio que sim, que a esquerda tem essa tendência para se se preocupar com os direitos humanos, mesmo tratando-se de criminosos, mas no sentido de lhes proporcionar uma pena adequada de acordo com a medida do crime e decidida pelos tribunais. O que me parece bem. É claro que no caso do Bes estavamos perante uma situação delicada, mas sinceramente não me pareceu nunca que podia estar em causa a vida de pessoas, apesar do aparato. Mas enfim ... quem decide não achou o mesmo que eu e optou por atirar de morte contra os sequestradores ... com riscos afinal, porque não acertou num deles e esse, se as coisas corressem um bocadinho pior, podia fazer aquilo que se temia ... disparar contra os sequestrados. Eu sei que a situação é complicada e que é fácil dar palpites mas não me parece que a solução seja andar a matar todos os criminosos, por pequeno que seja o delito. E parece-me que é isto que em Portugal se está a pedir a olhar pelo rejubilo geral. Afinal os sequestradores podiam ser alguém como nós, num momento desesperado a cometer grandes loucuras. Preferia que não houvesssem mortes em vez desta satisfação geral. No outro dia, foi a morte de uma criança, que teve o azar de ter o pai que tem e uma cultura de vida que tem, que foi apanhado pelos tiros da polícia ... e o julgamento das pessoas foi contra o pai ...apenas, como se disparar tiros contra um carro que vão pessoas por roubar uns ferros, fosse uma coisa extraordinária.

    Mas talvez, como dizes, isto sejam resquícios de esquerdismo. Para já não me arrependo desta posição. Mas também não tenho soluções. O que me parece é que a preparação/formação dos polícias não é a indicada para ligar com a criminalidade especialmente a de média violência.

    Um abraço e obrigado pelo teu comentário Mac

  • Anónimo  
    30 de agosto de 2008 às 23:01

    Parece que na realidade as soluções são de pequena monta. Muitas das causas da criminalidade e em especial da chamada pequena criminalidade são sociais e derivam do processo degenerativo da decadência capitalista. Este saudar da actuação policial na imprensa, mas também das massas, derivam da campanha securitária e propagandística dos meios de comunicação social: mais polícia e mais porrada, parece ser a mensagem. Boa semana com tudo de bom e saudações minhotas.

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