A luta dos professores
Os professores estão na rua em protesto contra a Ministra, mas também contra as reformas educativas, mormente o sistema (ou os conteúdos) de avaliação dos professores, o regime de autonomia e gestão das escolas e a nova prova de ingresso na carreira. Contudo, visto de fora, o que parece fundamentalmente motivar os professores é a defesa do seus interesses corporativos e não a luta por uma escola pública exigente, responsável e competente, o que sendo legítimo, não encontram eco, na maioria das pessoas e em particular de outros agentes educativos, nomeadamente os alunos e as associações de pais.
Pessoalmente compreendo o melindre e a indignação dos professores com a Ministra. As suas declarações sobre os professores foram injustas genericamente e reveladoras de uma total inabilidade e de senso comum. Creio mesmo que a sua demissão é o único caminho para apaziguar os ânimos e colocar a discussão no plano dos conteúdos da reforma. Ao contrário, portanto do que defendem alguns sectores políticos, o que neste momento está mesmo em causa, não são as políticas, mas sim a Ministra …para se poder discutirem as políticas de educação.
Os professores estão na rua mas não vibro com as manifestações dos professores (em Viana do Castelo estiveram mais de 3000 professores na rua o que é estrondoso), apesar da justeza de algumas reivindicações. Infelizmente os professores (a maioria), enfim, para não destoar, tal como as outras classes sócio-profissionais, estão apenas interessadas nos seus problemas. Nada a fazer. São os nossos egoísmos!
O que me interessa é a defesa da escola pública e não me parece que seja isso que está em causa ou que seja por isso que os professores lutam. Uma escola pública de sucesso requer professores motivados, competentes e bons profissionais. Requer boas instalações, bons programas, uma estabilidade pessoal e profissional. Requer uma escola popular e integradora, equipamentos adequados, professores dedicados e a tempo inteiro, requer uma gestão democrática e aberta, mas também requer o controle e uma avaliação democrática do exercício e dos resultados da escola, dos gestores, dos professores, dos alunos, do pessoal auxiliar, em que todos são avaliados, uns pelos outros e entre eles, também.
Como que a confirmar que não é a defesa da escola pública ou a gestão democrática das escolas que estão em causa, aí está o encontro do Presidente do PSD Luís Filipe Meneses com a Fenprof e a presença na manifestação do próximo sábado, em Lisboa. O PCP e o Bloco, como sempre, apoiam sem reservas todas as manifestações o que por si não tem nada de mal, mas preferia que fossem mais claros nas razões dos apoios.