A morte por decreto  

A condenação à morte é uma manifestação de ódio e vingança selvagens. A pena de morte não resolve nenhum problema, por maior, mais hediondo e monstruoso que tenha sido o crime cometido. Além de uma morte não ser reversível em caso de erro. Também pedir, decidir ou executar uma pena de morte é um acto criminoso, irracional e inumano. Como, em minha opinião, são uns canalhas quem permite ou concorda, conscientemente, com a pena de morte. Apenas como desabafos em momentos dolorosas da nossa vida pessoal ou colectiva, compreendo a defesa da pena de morte.

A minha posição é de princípio: sou contra leis que permitam a pena de morte, mas sou sobretudo contra quem investido em “juiz”, sustentado numa superioridade moral, pode decidir a morte alguém. Não é pois, a morte pela morte que me repugna. Consigo compreender melhor, quem por iniciativa própria, de forma pensada ou reagindo por impulso, é capaz de matar alguém, segundo um juízo pessoal de (in)justiça, mesmo não concordando, como é óbvio

Vem isto a propósito do pedido das autoridades norte-americanas de condenação à morre, de alguns dos supostos autores morais e materiais dos atentados de 11 de Setembro de 2005. Não vou repetir-me sobre a monstruosidade dos atentados e o nojo e repugnância que sinto a quem engendrou e executou tamanha barbaridade. O que importa agora salientar é que vão ser julgadas, por tribunais militares, por juízes militares, em causa própria, algumas pessoas detidas há largos anos, sem protecção, sem advogados, sem direito alguns, sujeitos a sevícias e às maiores torturas para forjar provas, na prisão ilegal de Guantanamo, com a acusação a pedir a pena de morte.

Dito isto passo a palavra ao Daniel Oliveira:

Os terroristas venceram: fizeram os EUA um pouco mais parecidos consigo próprios”.


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