Os defensores do Não usam argumentos falaciosos
Se estão empenhados na “defesa” da vida como dizem, para serem coerentes, deviam exigir, antes de mais, a alteração da actual lei, sabido que admite a realização do aborto em casos de violação, má formação do feto, perigo de vida da mulher etc. A “defesa” da vida não se compadece com discriminações.
Na verdade eles não estão preocupados com a “defesa” da vida. Por trás disto estão preconceitos éticos, morais, religiosos e muita hipocrisia. Até consigo compreender quem, por razões de uma formação religiosa e um conceito de vida, em nenhuma circunstância, aceite que se faça um aborto. Mas é da mais cínica hipocrisia, colar o rótulo de criminosas às mulheres e a quem defende a livre opção das mulheres, por uma maternidade desejável, consciente e responsável e ao mesmo tempo, aprovarem a “morte” do feto se tiver má formação ou se resultar de uma violação, por exemplo.
Se fossem verdadeiras as suas razões os defensores do Não deveriam defender o Sim.
A criminalização do aborto empurra as mulheres, para as mãos de médicos ou parteiras, para um aborto, sem hesitação, sem escrúpulos, inseguro e colocando a saúde ou a vida da mulher em perigo, a troco de um pagamento, pura e simplesmente.
A legalização do aborto até às 10 semanas, defende melhor quem é contra o aborto.
Um aborto realizado num estabelecimento de saúde, com apoio psicológico, acompanhamento médico, ajuda de especialistas da saúde, permite acompanhar o processo, perceber as razões, aconselhar, proteger a mulher, ajudar a mulher a tomar a melhor decisão.
a) só não vê isto quem se recusa a ver b) quem se recusa a pensar por razões religiosas. c) quem defende o não por razões obscuras, interesseiras e hipócritas.
(publicado em Janeiro 30, 2007)