Na questão do Aborto, devolvo a acusação. Terrorista …é o Papa  

No supremo lugar do opulento e imperial Vaticano, amparado por uma corte de súbditos escrupulosos e dogmáticos, o capataz do clero, mais os cardeais e patriarcas, arcebispos e bispos, padres e diáconos, mais acólitos, beatos ou beatas, na homilia do Dia Mundial da Paz, veio dizer disparates, em mais uma campanha contra o aborto.

Com a pose e a voz melosa conhecidas e encenadas, o Chefe da Igreja, afirmou que o aborto (e também a eutanásia e as pesquisas sobre embriões) é comparável ao terrorismo ou à morte por fome. Estas afirmações infames, não podem passar sem o meu mais vivo repúdio e indignação.

Uma Igreja católica que cometeu os maiores crimes de que há memória e em nome do purismo religioso, de uma superioridade moral, perseguiu e matou, milhões de pessoas. Uma religião que nas Cruzadas massacrou, assassinou, decapitou, milhares e milhares de pessoas. Que na Inquisição, torturou, queimou vivas mais de um milhão de pessoas, especialmente judeus, muçulmanos, hereges ou “bruxos”. Esta Religião, esta Igreja vem dar lições de moral.

Esta Igreja, este Papa, não respeita sequer muitos dos seus crentes; os que defendem a actual lei e as excepções que podem levar a um aborto ou os que querendo ir um pouco mais longe e recusam ver a mulher julgada, humilhada e previsivelmente condenada, por terem decidido abortar, certamente por razões muito ponderosas, defendem o sim à despenalização do aborto, nos termos da pergunta levada a referendo.

Esta Igreja e este Papa vêm chamar de criminosos de terroristas, quem defende o aborto em determinadas circunstâncias. Vem elevar à condição de criminosos, todos os que defendem a despenalização do aborto realizado até às 10 semanas, por decisão da mulher e se realizado em estabelecimentos de saúde certificados.

A Igreja opulenta e seus servidores, vivem explorando a boa fé e a crença dos seus fiéis. A Igreja que chama de criminosos quem aborta é a mesma que não permite o uso do preservativo, a pílula, ou outro meio eficaz de contracepção é uma Igreja hipócrita e intolerante.

Eu vou votar sim à despenalização do aborto.

(publicado em Janeiro 1, 2007)