Propaganda barata para esconder um modelo de sociedade sem direitos
"descontados os empregos que se perderam e os empregos que se criaram, o saldo é positivo em 133 mil novos empregos", disse Sócrates durante a cerimónia de assinatura do protocolo com a PT que prevê a criação de 1200 empregos num call-center em Santo Tirso. Há dias o Diário de Notícias, baseado em dados oficiais da Segurança Social, informava “… que o desemprego estava a aumentar, apesar de ter havido uma diminuição do número de pessoas a receber o subsídio de desemprego”. Há aqui alguém que se enganou. Ou nos quer enganar.
A criação de 1200 empregos a concretizar-se é uma excelente notícia. Mas em contrapartida é um emprego com qualidade mínima “garantida”: um emprego precário, sem direitos sociais, com salários baixos, agenciado através de empresas de trabalho temporário.
E é isto: enquanto dispensa indistintamente, os trabalhadores com 50 ou mais anos de idade, trabalhadores efectivos, trabalhadores experientes e competentes, mas trabalhadores com direitos, pressionando-os a suspender o contrato de trabalho, com perda ou diminuição de regalias e de vencimentos, a Portugal Telecom substitui esses trabalhadores por outros, sem direitos, sem horários de trabalho, sem remuneração condigna, com ritmos de trabalho intensos, com grande pressão laboral. Com o beneplácito do primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates.
É este o modelo de trabalho e de país que nos querem oferecer. Tudo o resto é propaganda barata.