Uma alternativa aos governos de alternância
Na reunião do último de fim-de-semana o Comité Central o PCP apelou à "convergência com todos os que estão empenhados num projecto claro de ruptura com a política de direita" mas segundo o Diário de Notícias, "Jerónimo de Sousa, recusou a ideia de que esta possa ser feita com o BE ou com parte do PS".
Conseguem entender?
Digamos que o PCP tem uma maneira muito peculiar de ver as convergências à esquerda. São as convergências do PCP com ele próprio.
Sejamos claros! A unidade das esquerdas é uma necessidade importantíssima se realmente pretendemos mudar alguma coisa, se estivermos verdadeiramente e não apenas nas palavras, apostados numa sociedade com um maior justiça social e mais respeitadora da dignidade das pessoas:
Que aposte claramente nas qualificações, nas tecnologias, nas ciências do conhecimento. Em políticas de emprego, de saúde, de habitação e de educação, verdadeiramente ao serviço das pessoas. Que aposte na melhoria das condições sociais, na diminuição do desemprego, numa melhor qualidade de vida para todos, e muito em particular, para os mais pobres e os mais idosos.
Mas não adianta bater no ceguinho. Os caminhos da unidade das esquerdas fazem-se com as esquerdas interessadas. E faz-se respeitando o pluralismo das esquerdas.
Mas não sejamos ingénuos. O caminho não é fácil. E o caminho faz-se caminhando.
A experiência do comício-festa de Lisboa foi bonita. Como foi a da despenalização do aborto. É preciso dar-lhes continuidade.
Mas se as esquerdas quiserem ser mesmo uma alternativa de poder, é preciso muita esquerda. Somar esquerdas. Ganhar a confiança social. Credibilizar uma alternativa séria e exequível.
E desde já reafirmo o meu caminho: o desafio de apresentação de um programa mínimo de Governo.
Um programa reformista mas de ruptura profunda com os modelos de desenvolvimento neoliberal, um programa virado para fazer o pleno das esquerdas tanto quanto possível, sabendo-se que "uma política de unidade na diferença, exige humildade, responsabilidade, "desapego" ideológico, consensos, mestria, inteligência, face à complexidade de opiniões, de interesses, de responsabilidades, que a cada momento haverá que dar respostas…"
Ao Bloco de Esquerda caberia, por razões que têm a ver com o seu projecto (inicial) de construção de uma nova esquerda, moderna, exigente, de confiança, comprometida com a causa socialista e com as desigualdades sociais, a árdua tarefa de apresentar esta proposta às restantes forças e movimentos de esquerda.
Agora e já!
2 de julho de 2008 às 11:12
Nem mais. O Bloco não vai apresentar esse programa mínimo. A sua Comissão Política não o quer nem a Mesa Nacional.
2 de julho de 2008 às 19:00
Pois não vai, José Manuel, mas devia, mas devia... para ser consequente com a sua própria natureza. Acho eu.