Está feita a ruptura entre o Bloco e Sá Fernandes.  

Não vale a pena esconder: se havia dúvidas elas dissiparam-se. Está feita a ruptura do Bloco de Esquerda com Sá Fernandes em Lisboa.

Na última sessão da Câmara de Lisboa, Sá Fernandes, votou a favor de uma proposta do PS de reestruturação da EPUL que extinguiu as SRU deixando de fora a Getalis. Todas estas empresas concorrem para o mesmo objectivo no mercado da habitação, a EPUL para a construção, as SRU's para a reabilitação, a Gebalis, para a gestão dos bairros. A comissão concelhia do Bloco critica o seu Vereador por ter votado uma reestruturação que não incluiu a Gebalis,conforme previa o acordo de Lisboa celebrado com o PS, no que considera uma oportunidade perdida, enquanto Sá Fernandes considera não ser o momento oportuno, mas não uma proposta abandonada.

Eu dou o benefício da dúvida a Sá Fernandes. Se ele diz que continua a defender a extinção da Gebalis eu acredito nos motivos que invoca: problemas para resolver devido a uma "situação financeira muito difícil, com um enorme passivo e com capitais próprios negativos e por razões que se prendem com irregularidades em anteriores mandatos que estão em segredo de justiça".

O Bloco queria a reestruturação já e Sá Fernandes diz que precisa de mais tempo para fazer tudo com transparência.

Quem tem razão? Não sei. O que se pode concluir é que a relação está completamente destruída. É elucidativo que o diálogo tenha passado para a opinião pública com comunicados de ambos os lados: um comunicado do Bloco e uma resposta do Gabinete do Vereador.

O que não posso aceitar são os processos de intenções que por aí perpassam de um e de outro lado. Lamentável!


11 comentários

  • Anónimo  
    25 de julho de 2008 às 13:03

    Então o senhor não é do Bloco de Esquerda? Dá o benefício da dúvida a Sá Fernandes, que vota uma proposta do PS, e não dá ao seu partido?

  • Isabel Faria  
    25 de julho de 2008 às 17:50

    Fernando, convém clarificar os tempos, pois o teu post não está correcto. O comunicado de Sá Fernandes não é uma resposta ao comunicado da Concelhia de Lisboa do Bloco.
    O comunicado do Gabinete de Sá Fernandes foi enviado antes da reunião da Concelhia agendada para a última Quarta Feira à noite (foi enviado durante a tarde de Quarta Feira) onde Sá Fernandes deveria ter estado presente e nos informou não poder comparecer. Essa reunião destinava-se a discutir a questão da reestruturação das empresas municipais, que, segundo informação anterior dada à Concelhia, estaria agendada para a próxima Quarta Feira, dia 30.
    O comunicado da Concelhia de Lisboa foi emitido ontem, Quinta-Feira.

    Se quieseres enquadrar isto em processos de intenções, nada a fazer. Gosaria que o visses como uma clarificação necessária. Como o são todas, ouso acrescentar.

    Portanto, a ordem é inversa e estas questões não são bem uma adição...
    Mas concordo contigo. Aliás, neste caso atreveo-me a dizer que concordamos todos na Concelhia. Teria sido preferível que Sá Fernandes nos informasse pessoalmente da sua posição e que nós o informássemos pessoalmente da nossa.
    Como te disse a reunião para discutir essas posições estava agendada e realizou-se. Só que sem o Vereador que enviou um Comunicado antes da sua relização. (Sem mim também, mas isso não tem qualquer relevância).

    Ah e sobre o tempo para fazer tudo com tranparência: então mas nós mentimos aos eleitores quando isto fazia parate dos 20 pontos inadiáveis do Lisboa é Gente? Ou quando fazia parte dos seis pontos que Sá Fernandes apresntou como imprescindíveis no final da campanha eleitoral de 2007 e que, ao serem aceites pelo Costa, tornou possível/justificável o Acordo de Lisboa? Ou quando subscrevemos um Acordo que o contempla e que até vinha com data e tudo - final de 2007?

    Nada do que se passa na GEBALIS é novo - nem a situação económica, nem os processos judiciais, nem o clientelismo. Precisar de um tempo agora não faz quaqluer sentido.

  • Fernando  
    25 de julho de 2008 às 18:30

    Caro anónimo o benefício da dúvida ao Bloco está dado. Sou membro do Bloco. Ao SF dou porque continuo a acreditar nele e parecem-me razoáveis as explicações.

  • Fernando  
    25 de julho de 2008 às 20:02

    Isabel eu vi o comunicado do Gabinete de SF no post do Pedro Soares pensando que o estava a ler no post da Concelhia mas é uma troca sem significado. Não será então uma resposta ao comunicado da Concelhia é antes um esclarecimento apenas sobre as razões do seu voto favorável às propostas dos Vereadores do PS, melhor ainda.
    Se SF informou não poder estar presente à reunião da concelhia, quero acreditar que não pôde mesmo e não me parece que se deva especular sobre isso. Sá Fernandes, em declarações ao SOL afirma que teria “confrontado a concelhia com todas as dificuldades de fundir neste momento da Gebalis na Epul. Verdade ou mentira? Em que momento, com quem, de que forma? Estaria a referir-se ao comunicado do seu Gabinete?
    E chegados aqui é que batem as diferenças. A Concelhia diz que esta reestruturação devia integrar a Gebalis enquanto SF acha que este não é o momento certo pelas razões que aponta. Eu não sei se é ou não, apenas quem conhece suficientemente o dossier pode ter uma opinião fundamentada. Eu tendo a acreditar que SF sabe o que está a fazer e continuo a acreditar na palavra dele.
    O que já não me agrada é que a Concelhia diga que SF tem uma atitude seguidista em relação ao PS e insinue que SF abandonou o projecto de fusão acordado entre o Bloco e o PS a este respeito. É uma afirmação grave e não sustentada objectivamente. SF diz que apenas este não é ainda o momento. Por razões que podemos discordar mas que eu tendo a aceitar.
    Não julgo de modo nenhum, ao contrário do que tu pareces afirmar, que SF está a pôr em causa o acordo de Lisboa ou o programa com que se apresentou aos eleitores bem pelo contrário, SF reafirma que a Gebalis é para acabar e integra-se nas competências da EPUL para o qual o passo dado agora com a aprovação dos novos estatutos é um passo fundamental.
    SF não fechou portas como diz o comunicado da Concelhia e muito menos como tu dizes que abandonou as propostas eleitorais. Isso não é verdade, di-lo SF que continua a defender as mesmas propostas aliás por si apresentadas ainda no 1º mandato. Não tenho razão para desacreditar de SF independentemente dos caminhos que cada uma das partes agora está a percorrer: o Bloco a afastar-se progressivamente e com outras apostas políticas e SF aparentando não se importar muito, embora não lhe agrade obviamente as insinuações, independentemente de pensar que SF não é uma pessoa fácil ou maleável mas considero ser um homem sério e empenhado. O que me parece é que o Bloco ao mais alto nível já devia ter conversado com SF e esclarecidas as posições em vez de andar tudo isto na praça pública e se for o caso, amigos amigos, mas se não é possível o entendimento e o compromisso, que cada um seja claro, por respeito aos eleitores de SF e aos simpatizantes do Bloco.

  • Isabel Faria  
    25 de julho de 2008 às 21:20

    Fernando, há algumas questões que, obviamente, não vou rebater ou explicar com detalhes aqui. Nomeadamente a citação de Sá Fernandes na emtrevista ao Sol (ou á Lusa, não sei bem). Mantenho, apenas, o que escrevi e penso que isso deveria responder às tuas questões, apesar de aceitar que duvides da minha palavra, evidentemente: a discussão sobre a posição a tomar na votação da reestruturação das empresas municipais deveria ter sido feita na passada Quarta-Feira, já que na anterior reunião convocada para o efeito não houve tempo para tomadas de posição definitivas. Apenas acrescento que nós conhecemos, então, a posição de Sá Fernande. Sà Fernandes conheceu a nossa e, exactamente, porque era necessário chegar a uma conclusão definitiva, ou, se quiseres, a um acerto de posições - penso que convém não esquecer que Sá Fernandes é o Vereador eleito pelo Bloco de Esquerda e será normal que as suas posições sejam acertadas com o Partido, mantendo obviamente a autonomia que ninguém lhe nega ou contesta), feita antes da discussão em sede de CML que a reunião de Quarta Feira foi marcada. Não me viste especular sobre a ausência ou as razões da ausência do Zé. Ele disse que não podia estar, no dia marcado tendo em conta as condicionantes da sua agenda. Apenas isso. E eu lamento que ele não possa ter estado, porque penso que se poderiam ter evitado estas "cenas".

    Quanto ao resto, também reitero que nada mudou desde a campanha eleitoral e relembro que o Acordo de Lisboa, o tal que previa esta estruturação, tem um prazo de vida que termina daqui a um ano...se não acreditarmos que a situação financeira vai mudar, se não acreditarmos que, num ano, os processos judiciais serão concluídos, então este ponto do Acordo de Lisboa não será concretizado. Tu achas que sou eu que tenho má vontade e que nada indica que o Acordo não será honrado..eu acho que estás a ser demasiado...crente. A Concelhia de Lisboa, legitimamente e democraticamente eleita, também pensa o mesmo que eu. O futuro se encarregará de nos mostrar de que lado está a razão.
    ´
    Ah e quanto à clarificação necessária, aí estamos de acordo. Aliás fiz um artigo no Luta Socialista em que escrevo isso mesmo. A clarificação e a transparência são um imperativo. A coragem política também. Defendo-o há meses.

  • Fernando  
    25 de julho de 2008 às 23:49

    Bem Isabel, se bem entendi, dás-me uma novidade que é a de que teria havido já uma reunião da Concelhia com SF e que não teriam chegado a conclusões. Tudo bem, não tendo havido consenso a partir daí cada parte tomou a posição que achava a mais certa. Nada a dizer a não ser que isto deveria ser ser assumido sem dramas. O que contesto no comunicado da Concelhia e na tua própria posição é que partem do principio de que SF não quer cumprir o acordo e eu não consigo entender porque razão SF não quer cumprir quando ele afirma que quer. Mas tu e a Concelhia terão mais informação que as minhas que são nenhumas. Por isso fico no dominio da crença de facto: acredito em SF (mas eu sou crédulo nas pessoas até ao momento em que mostrem ou verifico que me enganei -não sei se é um defeito). Não se trata de duvidar de ti, Isabel trata-se de acreditar no outro, porque tu podes ter informação relevante que não evidenciaste, se calhar por razões ponderosas. Mas o que sobra para quem está de fora é alguma deselegância para com SF e alguma indignidade até, podes acreditar. Repara que o Daniel Arruda chegou a afirmar num comentário que SF passou-se para outro lado, assim sem mais.

    Mas poderemos esclarecer melhor isto, vou dar-te a notícia em primeira mão, no dia 3 ou 4 de Outubro eu conto estar por aí. Aliás penso mesmo ir no dia 2 para criar um site do Bloco de Viana assente na plataforma nacional.

  • Isabel Faria  
    26 de julho de 2008 às 11:20

    Fernando, pois temos mesmo maneiras diferentes de ver as coisas. Tu achas que por se saber que havia divergência de pontos de vista cada um ficava com a sua e seguia o seu caminho...eu acho que por se saber que havia divergências se deveria ter discutido e tentado chegar a uma posição concertada, antes de enviar comunicados e de fazer votações.

    Mas olha, não te preocupes, afinal parece que é só fumaça...basta leres as notícias de hoje ou o post do Gente de Lisboa.
    Penso que isto sim, é uma má imagem que se dá do Partido. Mas eu até estou de férias e tudo...
    Só para veres se entendes (que eu não) no entanto, uma informação: na última reunião da Concelhia da qual saiu o comunicado, e porque estavamos os três fora de Lisboa, não esteve nenhum dos camaradas eleitos pela minha lista (isto não significa que não nos revamos no Comunicado, evidentemente, é só para esclarecer que começo a estar farta da históia de haver sectores no Bloco que isto e sectores no Bloco que aquilo...quando neste momento o que há é sectores do Bloco que acham que a clareza e a transparência devem ser um imperativo e outros que preferem as tibiezas...só aí há divergências, parece-me, se o Sol me permire ver bem).

    Olha lá, só em Outubro??? mas isso faltam mais de dois meses...não me digas que daqui a dois meses ainda vais precisar dos meus esclarecimentos para entender o que se passa???!! será um mau sinal, amigo.
    De qualquer forma clrao que não te vais safar...mas vê lá é se vens fazer o site antes, que Outubro é um mau mês paa fazer sites!! )))

  • Fernando  
    26 de julho de 2008 às 12:26

    o teu primeiro parágrafo não faz sentido, Isabel, pensamos os dois da mesma forma, de resto num comentário atrás tu referes-te a este recato que eu achava importante.

    Apenas acho que se as divergências são insanáveis (e é possível haver diferenças insanáveis sobre alguns aspectos e não vem nenhum mal mundo por isso)cada lado, com lealdade, deve assumir as suas posições (nem sempre são possíveis sequer consensos) e clareza e não com insinuações. Apenas isto.

    Não li ainda o post do Gente mas não é só fumaça. Primeiro as relações estão esgotadas (por culpa de ambos, parece-me agora, mas a parecer-me que com mais responsabilidades do Bloco -que aceitou mal o acordo de Lisboa, primeiro (e que eu acho que era importante e irrecusável, para servir melhor Lisboa e para o Bloco assumir também que não receios de assumir o poder, quando o projecto é necessário, exequível e sério - digamos que aqui estou a falar na imagem de que não somos apenas um partido do contra), segundo porque parece-me o Bloco (a maioria da direcção)tem uma estratégia mais alargada de unidade (e nacional)com o sector alegrista, para as próximas autáquicas, terceiro, porque também acho que SF estará cansado desta relação com o Bloco. Mas isto sou eu a pensar um pouco mais alto. Se no primeiro momento a tua tendência, por força da desconfiança sobre o Acordo de Lisboa e o acordo com António Costa, teve um papel muito negativo (desculpa-me Isabel mas mantenho a mesma opinião sobre isso),sobretudo depois da saída do Pedro e das afirmações de Louçã à Antena 1, ficou claro também que o Bloco não queria mais acompanhar SF quanto a mim precipitadamente e agora é o que se vê. Mas são balanços ainda para se fazer.

    Creio que percebeste que vou assumir o lugar na MN.

    Umas boas férias, Isabel, apesar desse problema dos óculos que não foi pequeno (que a vida está cara).

  • Isabel Faria  
    26 de julho de 2008 às 21:01

    Fernando, agora os óculos velhotes, que têem servido de SOS perderam a haste que estava presa com cola...como deves imaginar ninguém leva cola para férias (esta tinha sido uma das razões da subsitituição...tou feita!!!).

    Fico muito contenta que tenhas repensado e que tenhas aceite. A sério, acho que vais entender algumas coisas e perder essa certeza toda em relação à nossa posição...mas mesmo que não mudes...fico muito contente à mesma.
    Espero que nessa altura, o Bloco não adie o balanço e não se continue neste falar a dezenas de vozes. Por mim aprendi...declarações à CS só mesmo em último caso...apesar de tudo nesse aspecto nós aprendemos rapidamente a lição. Assim todos o tivessem feito.
    Não entendas isto como eu achar que não devemos transmitir as nossas posições. Mas há alturas em que ser comedidinho é uma virtude...acho eu.

  • Anónimo  
    28 de julho de 2008 às 00:02

    O Problema de fundo Fernando, é que a esquerda revolucionaria, NUNCA soube lidar com o problema autarquico, no tempo da UDP ainda houve a Camara do Machico, e no tempo do Otelo os GDUP,s, mas nunca se soube trabalhar nas autarquias.

    A candidatura de Lisboa trouxe por isso muitas esperanças, até porque era uma candidatura independente, e Sá Fernandes uma pessoa com um vasto passado na defesa dos interesses da cidade.

    O que se está a passar, é essa apredizagem, mas pela negativa

    O Bloco vai ter muito que aprender , sobre a forma de trabalhar nas Camaras, e Juntas, e isso não se aprende em dois dias.

    Se a experiencia de Lisboa falhar, o principal derrotado será o todo o projecto do Bloco para as autarquias, pois não tenho duvidas que serão mais uns anos perdidos.

    Eu tenho dito repetidamente, Sá Fernandes é um homem de palavra, que não se vende , agora na questão da Gebalis deveria ser mais exigente, pois falta menos de um ano para as eleições, e há muita gente a começar pela vereadora do PS, responsavel pelo sector, que quer impedir qualquer mudança.

    E o adiamento não beneficia, os moradores dos bairros sociais totelados pela Gebalis,alem de que e permite que mais uns quantos tachistas, postos em lugares chaves pelas maquinas partidarias, continuem por mais uns meses a usufruir brutos ordenados, e ao permitir isso , é adiar a necessaria vassourada,

    Mas todo este caso BE Sá Fernandes tambem diz muito da incapacidade de o BE lidar com independentes, pessoas que se disporiam a colaborar com o BE, mas não querem integrar a maquina partidaria, e há muita gente que estará a ver como tudo isto vai acabar.

    Conforme o BE lidar com divergências com o Sá Fernandes, e a capacidade de as resolver sem ropturas, dirá muito do que é realmente o BE, e se o sectarismo que sempre esteve latente nalguns sectores, é hoje a linha maioritária do Bloco

    Augusto Pacheco

  • Anónimo  
    31 de julho de 2008 às 19:34

    Sá Fernandes é um "compagnon de route", que pela sua personalidade e divergências, um dia vai embora. O BE quem que repensar a sua ligação com os independentes, que não será, certamente, fácil, isto sem sectarismos. Boa semana.

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