Os protestos dos camionistas  

A vida está difícil para quase todos. Não bastava a crise que o Governo acrescentou às famílias das classes médias e baixas a conjuntura internacional também não tem ajudado nada. Agora os protestos atingem uma nova dimensão. Não são apenas os trabalhadores a fazerem greves e a protestar na rua. São também os pequenos patrões. Depois dos armadores desta vez toca às empresas de transporte de mercadorias.

Qualquer pessoa bem-intencionada reconhece que os preços dos combustíveis constituem um custo considerável na actividade profissional das transportadoras. Também não é difícil de reconhecer que para muitas destas empresas de transportes, parte delas familiares ou com meia dúzia de trabalhadores, é muito complicada esta situação e muito difícil de fazer reflectir os aumentos dos combustíveis, no preço final do serviços prestado ao clientes, não apenas devido a uma concorrência muito grande das grandes empresas transportadoras, mas também por causa do forte poder negocial das empresas-clientes, que na prática fixam os preços dos serviços, negociando margens apertadas e prazos de pagamento dilatados.

Outra coisa distinta é a forma de protesto encetada. Na minha opinião este protesto acaba por ter contornos ilegais e socialmente censuráveis. Não porque os piquetes tentem dissuadir quem pretende não aderir ao protesto. Compreendo até quem se excede perante quem não alinhe nos protestos. Aceito isso, de mas pessoalmente eu respeitaria o direito de quem não pretende aderir, no uso da liberdade individual que cabe a cada um. Não o que não pode ser aceite é que os patrões façam o protesto por interpostas pessoas, os seus empregados-motoristas, usando do poder da relação, para “pressionar ou constranger”, sob pena de se não alinharem nos protestos, ficarem sujeitos a sofrer consequências graves na sua relação laboral.

Quanto ao resto, apedrejamentos, retenção forçada de viaturas, actos mais violentos ou impróprios, acabam por ser infelizmente naturais, quando as lutas se extremam. Compete ao Governo ter o senso suficiente, para não tratar estas coisas à bruta mas também não fazer de conta que nada é com ele, especialmente quando a situação pode resultar em graves prejuízos públicos.

Adenda: parece que O Governo chegou a acordo com os camionistas. Parece-me razoável os termos do acordo.


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