Nojo, muito nojo. Imigrantes tratados abaixo de cão!  


Há pouco mais de seis meses, vinte e três marroquinos, desafiando o destino, deram à costa algarvia, numa pequena embarcação sobrelotada, cheios de fome e frio, depois de enfrentarem as revoltas e traiçoeiras marés do alto mar, para aqui chegados, logo serem perseguidos, algemados, presos e mais tarde repatriados.

Foi uma imagem chocante!

Esta manhã o Parlamento Europeu aprovou, sem emendas, a “directiva de retorno” (da autoria dos Ministros de Administração Interna dos Governos Europeus), com os votos contra da Esquerda Unitária, Verdes e alguns deputados socialistas, com os deputados do Partido Socialista Europeu a repartir-se pelo voto a favor da directiva e abstenção.

Foi uma notícia chocante!

Com a entrada em vigor desta directiva, os imigrantes em situação ilegal, são detidos e enclausurados num período que pode ir a 18 meses, até à tramitação do processo de expulsão, mesmo os imigrantes e filhos menores que já se encontrem no país terceiro, ainda que estejam a tentar regularizar ou renovar a permanência.

Para o Director Nacional da Pastoral dos Migrantes, Frei Francisco Sales Dinis,"esta directiva do retorno não deixa de ser desumana e vai um pouco contra os princípios humanistas cristãos da Europa e, particularmente, de Portugal". Segundo o Frei Francisco Sales Dinis, a possibilidade de prender um indivíduo durante 18 meses corresponde a "criminalizar um direito que as pessoas têm de procurar um lugar para viver”, acrescentando depois "nós temos que ter em conta que muitas das pessoas que vêm como ilegais e muitos deles vêm de África, para fugir à fome e à miséria. Eles têm o direito de lutar pela sobrevivência".

Miguel Portas é particularmente incisivo: vergonha, hipocrisia, cinismo, discricionariedade, securatismo. E não poupa o Governo português. "O governo português subscreveu o compromisso agora aprovado, escudando-se no facto de este "não prejudicar o direito dos Estados-Membros adoptarem ou manterem disposições mais favoráveis relativamente às pessoas abrangidas pelo seu âmbito de aplicação".

(…) pode um governo invocar a salvaguarda do seu actual quadro legal para abençoar um acordo que não quer para o seu próprio país? Como pode Rui Pereira - o ministro que tem dado a cara pela directiva - garantir que um futuro governo não aproveite as disposições desta directiva para endurecer o nosso quadro legal? Ou que o próprio governo, em face de um endurecimento global das posições dos governos do norte do mediterrâneo, não invoque esse novo contexto para, por sua vez, os imitar?

Eu acrescento apenas: Sinto nojo, muito nojo, desta gente!
Nota: algumas-das-minhas-posições-sobre-imigração.


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