Errou Francisco Louçã
Segundo o DN de hoje, Francisco Louçã, terá afirmado a propósito do aborto que “do lado do SIM está a humanidade e a convergência e do lado NÃO a intriga política e a agenda interna dos partidos”. Não concordo e acho a afirmação um erro político.
Já disse a propósito do referendo ao aborto que não consigo compreender as razões de um voto NÃO. Compreendo que os defensores do NÃO se batam contra a prática do aborto em qualquer situação em nome de um conceito doutrinário, ortodoxo ou moral da vida. Mas, não compreendo que não compreendam que há outros com uma concepção diferente que merecem igual respeito e compreensão. A sua liberdade de não ao aborto… é a liberdade de não abortarem. Não é a liberdade impedir o ao aborto em determinadas condições a outros com concepções doutrinárias da moral e da vida, distintas.
Mas também não concordo, desta vez, com Francisco Louçã.
Não me parece que as coisas possam ser extremadas, colocando do lado SIM a “humanidade e a convergência” e do lado NÃO a “intriga política e agenda política do outro”. Acho que do lado SIM e do lado NÃO coexistem ambas.
Em resumo: Não subscrevo a afirmação de Louçã. Acho-a imprudente. Não contribuiu para o esclarecimento e prejudica a posição dos defensores do SIM. Enfim, um erro político não muito habitual em Francisco Louçã. Não mais do que isso, em minha opinião.
Louçã um político prevenido, um político sério, um político e um homem empenhado, nas causas dos mais fracos, foi “traído” pela sua generosidade e pela vontade em resolver um problema grave e inexplicável existente na sociedade portuguesa, o único da União Europeia, em que as mulheres são perseguidas e humilhadas na sua carácter.
(publicado em Novembro 6, 2006)