Erotismo ecológico-vegetariano  


Não entendo certa poesia erótica
Que fala de néctar em vez de orgasmo
Que compara a pele a fruta
E que descreve os cheiros do corpo
Como aromas tropicais
Em que sexo é tronco
Os membros ramos
E todo o acto em si é descrito
De um modo ecológico e florestal.
Gosto da carne que é carne
Do cheiro salgado e penetrante do suor
Gosto de braços e pernas
Que atam e prendem como correntes
Gosto do sexo que não é tronco
Mas espada, lança
Que penetra e atravessa
E porque é músculo, carne e sangue
Se sente dentro a pulsar.
Talvez o próximo seja
Estar-me lixando para a ecologia
Não ser vegetariana e ser pouco vigiada.
Mas quando leio amor
Gosto de sentir amor.
Quando leio sexo
Gosto de sentir um arrepio na pele
Como se as letras fossem saltar do poema e tocar.
Gosto de acto descrito com a força do desejo
Carnal, instintivo.
Gosto do poema à flor da pele
Que faz o coração acelerar e dizer:
Porra, isto sim é fazer amor
Isto sim é sentir amar!

in Encandescente, pág. 32, Edições Polvo 2005


1 comentários

  • Anónimo  
    21 de julho de 2008 às 18:10

    Ola Fernando !
    Ja ha muito que não vinha aqui
    e que surpresa, quase não reconhecia tua "casa"...
    esta muito, como dizer...cheia de romantismo e sensualidade;
    belas fotos e poesias.
    Adorei

    Beijinhos

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