O Cónego Melo foi um terrorista.  


A viagem de carro ao café não durou mais de cinco minutos, o tempo para ouvir, um excerto de uma entrevista em vida ao Cónego Melo, sobre a actividade do MDLP nos tempos do PREC, de que ele foi um dos principais patrocinadores e activistas.

O recente falecido Cónego Melo disse uma série de aleivosias em tão pouco tempo. Uma chocou-me sobremaneira até porque estive envolvida nela, que foi o assalto e incêndio à embaixada de Espanha em Lisboa e no Porto. O Cónego Melo não referiu, claro, que aquela acção visou criar pressão sobre o regime fascista do ditador Franco e em particular protestar e tentar impedir a condenação à morte de 5 militantes nacionalistas da ETA e da FRAP, ordenada pelo ditador Franco.

Querer comparar ou sobrevalorizar negativamente esta acção (de que pessoalmente não me arrependo, dadas as circunstâncias, pelo contrário, passe a imodéstia, sinto alguma nobreza neste acto) com os atentados terroristas em 1975, multiplicados em todo o País, por iniciativa do MDLP, de que o Cónego Melo era o mentor e activista, exemplificados nos inúmeros atentados bombistas, assaltos e incêndios a sedes de partidos de esquerda, assassinatos de pessoas, como o Padre Max e a jovem acompanhante com uma bomba colocada na viatura, são a evidência do carácter, da insidia, do pior do homem tenebroso que se escondia na sua veste de religioso.

O Cónego Melo morreu há dias. Não sinto nenhuma pena.


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