Esquerda-Centro para uma alternativa de poder
A vitória de Berlusconi em Itália parece ser a derrota das meias- tintas. Os eleitores estão cansados dos falatórios dos partidos, dos jogos do entretém, querem acção, coragem, determinação. Não importa se estão a votar à esquerda se à direita. As propostas políticas não importam muito. O que é preciso é fazer. Mal ou bem, logo se há-de ver. As populações votam em quem acreditam que vai fazer. Já não acreditam em promessas. O discurso ideológico vale pouco. Quem aparentar ter capacidade de decisão, aparentar saber fazer, aparentar ter um projecto credível, tem o voto maioritário dos eleitores. Para isso precisa de ter muito dinheiro, uma boa máquina de propaganda, um plano de marketing político. E mais nada!
Em Portugal o poder divide-se entre o PS e o PSD. O resto não entra nestas contas. Mas pode entrar. Em especial o Bloco de Esquerda. O PCP, tal como o conhecemos, infelizmente não tem credibilidade política para alguma vez ser poder. O Bloco de Esquerda sim. Se defender um projecto (que o têm) e bater-se por ele com coragem e convicção. Um projecto de unidade das esquerdas ao centro. Não ao centro-esquerda. Mas à esquerda-centro. Rigorosamente ao centro da esquerda ... à esquerda do PS. Um projecto socialista. Sem extremismos à esquerda ou derivas ideológicas à direita. Não sei se me faço entender!
Não sendo assim, “heroicamente” vamos continuar a resistir …para muito pouco. Para adiar. Vamos continuar a ter nas ruas muita gente a protestar, clamando vitórias atrás de vitórias (nas ruas) até à derrota final (nas urnas). Para a seguir, a um mal Governo, outro se seguir ainda pior. Sempre foi assim.Triste fado este! Para a esquerda sobrarão alguns votos de pessoas com convicções. Mas outros se perderão para a abstenção, para o desânimo, para o descanso do guerreiro. E tudo continuará igual ou pior.
Contentar-se-à a esquerda com tão pouco? Basta-lhes os protestos na rua? Ter mais ou menos alguns deputados? Talvez se o único interesse for as clientelas internas e a sua própria carreira política. A esquerda que desejo deve lutar pelo poder e repensar os projectos de unidade.
16 de abril de 2008 às 23:35
A esquerda italiana cai porque prometeu ser esquerda e foi social-liberal. Prometeu paz e continuou na guerra. Prometeu o fim das bases da NATO e ainda fez uma nova. Prometeu melhores serviços públicou mas começou a tirá-los. Prometeu mais direitos mas aumentou a idade de reforma e atacou a função pública. Prometeu um Estado mais social mas submeteu-se ao Pacto de Estabilidade...
É isto que conta. Prodi foi uma espécie de Sócrates com o apoio da esquerda que com mêdo de o fazer cair lhe deram cobertura.
Bertinotti "suicidou-se" politicamente - precisamente o que ele tinha previsto.
É isto que conta. Para fazer alternativas de poder é isto que conta, chama-se Alegre, Manuel, Joaquim.
17 de abril de 2008 às 12:27
Certo amigo. Os ziguezagues são fatais. Os eleitores n gostam de ser enganados. Berlusconi ganhou com um programa de direita. Nas anteriores Prodi ganhou com um programa de esquerda. As pessoas só querem é ser felizes no fundo e estabilidade. A Esquerda só ganhará credibilidade com um programa e um projecto alternativo perceptível e entendido como exequível pelos eleitores e deve bater-se por ele com vigor. Se antes do tempo, por força das circunstâncias, tiver que assumir responsabilidades de poder n deve fugir delas mas deve ser consequente nas questões centrais de uma política de esquerda. E falar verdade sempre.