Um exército de mãos e inteligência desperdiçado precocemente  

Depois de tantos anos distraídos, os governantes “descobriram” em 2002 que estava em perigo a sustentabilidade do sistema de Segurança Social, se nada fosse feito. Aqui chegados, começaram por onde costumam começar; indo ao bolso dos trabalhadores, retirando direitos (regalias/privilégios -fica à escolha dos leitores) dos trabalhadores, mexendo em particular com o regime de aposentação dos subscritores da Caixa Geral de Aposentações. Depois, bem depois logo se veria …como se viu.

O Governo do PSD/CDS abriu, timidamente, as hostilidades e indexou o tempo de serviço (36 anos) à idade (60 anos). E foi tudo. Com o Governo Sócrates, três anos depois, não foi melhor. Insistiu no mesmo caminho: aumentou ainda mais a idade da reforma, com os limites a crescer ao ritmo de seis meses por cada ano, para chegar aos 65 anos de idade e 40 anos de serviço, em 2015 e alterou a fórmula de cálculo da aposentação, de que resultou um abaixamento das pensões superiores aos 10 por cento.

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    Com tudo isto a partir de 2015, nem valerá a pena fazer muitas contas; o novo aposentado vai receber cerca de 40 por cento a menos, da remuneração mensal do activo, por efeito da nova fórmula de cálculo, em que todos os anos da carreira contributiva contam. Depois disso, se quiser sair os 65 anos de idade, vai ter de descontar mais, a chamada taxa de sustentabilidade ou então obriga-se a sair mais tarde, com a regra da indexação da aposentação à esperança média de vida.

    Mas no fundamental para garantir a sustentabilidade do sistema, nada de relevante. Em particular no que toca a mexer nos pilares do sistema. A forma de financiamento e rentabilidade.

    Para piorar a situação, enquanto o Estado aumenta a idade da reforma e baixa as pensões, as maiores empresas, apesar de afirmarem o apoio às medidas do governo, sem nenhuma vergonha, estão a “negociar” a dispensa dos trabalhadores com mais de 50 anos de idade. E dos desempregados nem vale a pena falar.

    Paradoxalmente ou não, a seguir a dois agravamentos da idade da aposentação, (que obstaram à aposentação de milhares de funcionários públicos -na altura própria e com os valores de pensão esperados) o Governo quer agora “despachar” milhares de funcionários para a reforma, esquecendo tudo o que disse, para sustentar as anteriores decisões nesta matéria.

    Como é de esperar vamos assistir a mais uma corrida às aposentações, porque sim. Percebe-se. Estamos todos cansados das patranhas e das incompetências dos nossos “líderes”. São mais uns milhares a engrossar o grande exército de desempregados e “aposentados precoces”, um exército de tantas mãos, tanta experiência e inteligência desperdiçados, neste país da treta.

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Em tempos de pré-campanha eleitoral  

Jerónimo de Sousa pediu ontem no Parlamento a descida do Iva para 19%. O Governo não lhe fez a vontade, como era de esperar. Ah! e tal e coisa ainda não estão reunidas as condições. Claro, Sócrates precisa desse trunfo para mais perto das eleições. Mas também, Jerónimo de Sousa não ficará a perder. Quando se der a descida do IVA irá puxar dos galões e dizer que já tinham feito essa proposta. Ah! mas o Governo, coisa e tal. Assim, ambos ficam a ganhar, portanto. Estamos em campanha eleitoral.

Por outro lado, os partidos de direita, andam confusos: o Governo tirou-lhes margem de manobra ao governar à direita, enfim fazendo aquilo que, segundo Sócrates, eles queriam fazer, mas não souberam. Desde aí ficamos esclarecidos.

De substantivo apenas a posição mais recente do Bloco, corrigindo também um pouco a mira: em vez de descer o IVA o Governo deveria utilizar esse 1% de receitas do IVA (mais de 225 a 250 milhões de euros este ano e de 450 a 500 milhões de euros por ano a partir de 2008)e que não vão ser reflectidos num abaixamento dos preços, em efectivas medidas sociais para os mais necessitados: os pobres e os idosos.

Isso sim seria uma política séria e oportuna!

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A descida do IVA  

Se o aumento do IVA foi uma medida injusta a descida do IVA só pode ser justa. Apesar do aumento da IVA ter surgido, convém lembrar, contra uma promessa eleitoral.

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    Mas também lembrar que socialmente o IVA é um imposto injusto, apesar de aparentar ser igual para todos, mas na verdade, substantivamente diferente, em função da classe social e do maior poder económico de cada um, ao contrário do IRS que é um imposto progressivo de acordo com os rendimentos.

    Não obstante e porque creio que a descida do IVA não se vai reflectir nos preços dos produtos, mas antes num aumento dos lucros dos empresários, à semelhança do que sucedeu com a descida do IVA nos ginásios, considero que mais importante do que abdicar desta receita estimada entre 225 a 250 milhões de euros este ano e de 450 a 500 milhões de euros por ano a partir de 2008, o Governo deveria empregar estes montantes, em efectivas e concretas medidas de verdadeiro alcance social.

    Assim, não pode deixar de ser considerada uma medida eleitoralista, visando as próximas eleições em 2009., a que se seguirão outras, como é costume. E nessa medida este Governo não trás nada de novo: um primeiro período de perda de direitos sociais , de perda de poder de compra e de agravamento da qualidade de vida dos portugueses, ligeiramente "desagravados" com o aproximar de novas eleições. É uma história que se repete em cada ciclo eleitoral, sem que saiamos da cepa torta.

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Boicote aos Jogos Olímpicos de Pequim?  

Tanto quanto possível deve ser evitado o boicote aos Jogos Olímpicos de Pequim. Mas se tiver de ser, se as autoridades chinesas não arrepiarem caminho, se a violação dos direitos humanos persistir e se intensificar, como agora acontece no Tibete, é uma hipótese que não deve ser descartada. A China ao organizar os Jogos Olímpicos expôs-se. Agora há que não dar tréguas ao regime. Estranho, estranho, foi ver que as ameaças ao boicote, venham de alguma direita, como a que expressou agora Sarkozy. Os meus aplausos, para ele. Já o nosso Governo de "Esquerda" de Sócrates mantém-se estrategicamente calado, enquanto outra, a do PCP, vergonhosamente, se associe às posições da Governo da China.

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Ainda sobre a Carolina Michael  

Uma pequena nota inserta na reportagem do DN de hoje, na Escola secundária Carolina Michael pode explicar, em parte, a histeria e a investida corporal da aluna contra a professora, para readquirir o telemóvel: alegadamente o equipamento conteria coisas “íntimas”, evidenciando igualmente um “relacionamento” que a aluna, legitimamente, pretendia resguardar do conhecimento geral.

É mais uma acha para tentar compreender o sucedido: a aluna, sem consciência política plena, certamente, acaba por forçar o exercício de um direito -o da reserva da sua intimidade, da sua privacidade e também o da propriedade privada, vejam lá!.. Quando a professa intenta sair da sala de aula, com o telemóvel na mão, na imaginação da miúda, a professora estaria a violentar os seus direitos individuais, aspectos muito sensíveis nestas idades, de afirmação da personalidade, mas sobretudo de grande confusão sobre os conceitos dos direitos e deveres.

Termino insistindo. Este é um caso que não prova coisa nenhuma. Sucedeu apenas um caso de irreverência e grosseria de uma aluna de 15 anos; uma resposta equívoca da professora; e uma reacção de alunos típica das “multidões”, enfim …própria das idades. Mas também de adultos, em muitas circunstâncias. Agora e no passado.

Deste caso apenas mais três notas: 1) a maioria dos pais, demitiram-se de educar os filhos, “comprando “os afectos com coisas materiais e remeteram para a escola a responsabilidade de os educar 2) os professores tal como outros noutras profissões, que trabalham com “públicos”, precisam de formação específica, por exemplo, na área da gestão de conflitos e de relacionamentos com alunos, para melhor compreender, identificar e actuar com diferentes perfis psicológicos, 3) a Escola deve ser muito clara no tocante às regras e procedimentos disciplinares, logo no início do período escolar.

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Um Jerónimo de Sousa reaccionário  



O Tibete era um país independente até à invasão da China em 1950. Sob a liderança do líder espiritual e político, Dalai Lama, com a constituição de um Governo no exílio, o povo do Tibete vem resistindo à ocupação chinesa. Nos últimos dias, uma sucessão de distúrbios, no Tibete e regiões vizinhas, mobilizaram as forças militares chinesas e estas não tiveram contemplações e meias medidas; atiraram a matar: morreram mais de cem populares e mais de mil foram presos. Os defensores dos direitos humanos, de todo o mundo, protestaram e temem pelos prisioneiros.

Em Portugal, há uma excepção: o Partido Comunista Português. Numa declaração vergonhosa sobre os acontecimentos, Jerónimo de Sousa, não fala sobre as mortes, os espancamentos, os presos, não fala sobre a violação dos direitos humanos, esquece a invasão do Tibete onde morreram milhares de tibetanos. O que move Jerónimo de Sousa é uma inexplicável solidariedade “comunista” com os governantes “comunistas” de um país expansionista, déspota, criminoso, selvagem, com o seu povo e povos vizinhos.

Jerónimo de Sousa além de ignorante sobre a história do Tibete, o que seria o menos, embora para um secretário-geral de um partido com as responsabilidades históricas do PCP sejam graves, revela-se uma pessoa sem princípios no tocante à defesa dos direitos humanos e das liberdades. Jerónimo de Sousa não pode ignorar e passar uma esponja sobre os actos selvagens cometidos contra as populações, mesmo que por trás dos distúrbios estivessem desígnios de boicote aos jogos olímpicos, aliás legítimos, face ás constantes violações dos direitos humanos naquele país.

Espero que a direcção do Partido desaprove Jerónimo de Sousa, sob pena de, pessoalmente, perder completamente o respeito ao actual PCP. Defender os direitos humanos e as liberdades são princípios irrenunciáveis de todas as pessoas de bem. Não dependem da cor, da nacionalidade, da raça, das posições ideológicas de cada um.

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É preciso ter calma.  



Não me lixem! Peço desculpa mas não alinho no afinado coro de que estamos perante um crescendo de indisciplina ou de falta de autoridade nas escolas ou na sociedade. Se as estatísticas valem de alguma coisa, convém dizer que não estamos hoje, em segurança ou na criminalidade, pior que há uns anos atrás, como pretende quem deseja mais “músculo” na sociedade portuguesa.

O mais relevante neste episódio de uma aluna a tentar reaver o telemóvel não é a indisciplina, a rebeldia, ou mesmo a má educação da miúda. O que me impressionou foi a incapacidade da professora em não saber lidar com um pequeno conflito. Sim, um pequeno conflito, não vislumbro ali, nada de muito grave, não há tentativas de agressão ou sequer de grande indisciplina. Vejo ali mais uma rebeldia que se avolumou face à resposta da professora, que outra coisa. Mas não quero desculpar a aluna, obviamente. A escola tem regras que devem ser respeitadas. Mas este acontecimento remete-me para o tipo de formação que é dada aos professores. O ter saberes académicos não é por si, suficiente para exercer a profissão de ensinar. São precisos muitos outros requisitos. Por exemplo, o bom senso. Bastava isso neste caso. Perante a reacção da aluna a professora não devia entrar em “luta” para impor a sua autoridade. Entregava-lhe o telemóvel e dava-lhe uma ordem de expulsão. Tão-só!

É preciso alguma serenidade. Bem sei que talvez nestes momentos conturbados seja pedir muito, mas não vejo outra saída.

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A ruptura democrática de esquerda.  

Há uns dias na Madeira, Jerónimo de Sousa produziu uma declaração (proposta?) surpreendente, vinda de quem veio. Sou insuspeito. Há largos anos que defendo a “ruptura democrática de esquerda” de que fala Jerónimo de Sousa. Aliás, o meu retorno à política partidária com o Bloco, depois de muitos anos de afastamento, foi com o pensamento voltado para uma convergência das esquerdas.

Mas tenho sérias razões para duvidar da bondade desta proposta. O PCP tem uma cultura de controlo e de vanguarda nos movimentos sociais e sindicais que impedem qualquer unidade na diferença. Para não ir muito longe, lembremos-nos do congresso da CGTP de há um mês atrás que reforçou o controlo do PCP e afastou sindicalistas de outras correntes de esquerda, apesar das críticas de muitos dirigentes sindicais, defendendo um alargamento da representatividade. Não me parece ser uma declaração para levar a sério, com muita pena minha. O PCP está mais a jogar no terreno da táctica política, procurando retirar proveito partidário, da contestação e do descontentamento, às medidas do governo de Sócrates, do que verdadeiramente interessado em romper com a "situação".

Uma política de unidade na diferença exige humildade, responsabilidade, “desapego” ideológico, consensos, mestria, inteligência, face à complexidade de opiniões, de interesses, de responsabilidades, que a cada momento há que dar respostas, em nome dos grandes princípios da esquerda; um estado e uma justiça social.

A esquerda unida que defendo vai mais longe: a capacidade de colocar em causa ideias feitas, verdades inquestionáveis, capaz de arquitectar um modelo orgânico e de intervenção que case todas as esquerdas, em volta de princípios e de máximos denominadores comuns e de valores intransferíveis da esquerda.

Um programa e uma estrutura destas seriam, naturalmente, pela amplitude e pluralidade, de tipo reformista mas de uma ruptura profunda com os modelos de desenvolvimento capitalista e nesse pressuposto assumir-se definitivamente como uma alternativa séria, respeitável e credível.

Dir-me-ão, que um programa destes é impossível; que arrasta oportunismos, protagonismos, aproveitamentos carreiristas. É verdade. Mas todos os projectos políticos arrastariam essas dificuldades. Está na natureza das pessoas. E quanto mais aberto e plural for o projecto mais dificuldades suportará. Mas esse é o risco que todos teremos de correr se quisermos, de facto e não nas palavras, construir uma alternativa séria de esquerda, de poder, capaz de defender os direitos sociais, os serviços universais, lutar por uma sociedade melhor, mais justa, mais solidária, mais igual e mais digna.

Mas há sempre as outras alternativas: continuar acantonados nas nossas “certezas” ideológicas, nas nossas ortodoxias, mas de uma coisa podemos ter a certeza; é que de vitória em vitória ou de derrota em derrota, conforma os ângulos ideológicos, caminharemos para a derrota final. E quem sofre hoje que se lixe…

O caminho de unidade das esquerdas não é uma utopia. Há que fazer experiências. As pessoas verdadeiramente de esquerda exigem que se não fiquem pelas palavras, depois de apelos idênticos, vindos do Bloco, dos Renovadores, de muitos militantes socialistas, na órbita de Manuel Alegre.

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Condenado por delito de opinião  


(imagem retirado ao cinco dias)

O Daniel Oliveira foi condenado por chamar palhaço a Alberto João Jardim, num artigo de opinião publicado no jornal Expresso e como reacção a uma intervenção do Presidente do Governo Regional da Madeira em que apelidava os jornalistas do Continente de "bastardos e filhos da puta" entre outros "mimos", mas por quais afirmações se escuda na imunidade de governante, para não ser responsabilizado criminalmente.

Entretanto o "sindicato dos palhaços" já reagiu contra tais comparações, segundo eles não é palhaço quem quer. Além de formação especializada, é preciso ter algo que o tal “Alberto João” patentemente não tem: graça. Andar aos tombos de tasca em tasca é grotesco; mas não tem graça. Insultar meio mundo, posar de cuecas, presidir a uma pandilha sinistra, ser um soba de meia tigela armado em Estaline dos pobres.... lamentamos mas nada disto constitui habilitação suficiente para o cargo de Palhaço. E, francamente, já ouviram o tal senhor a falar? Onde é que homem manifestou ter um grama que seja de pilhéria? Pode inspirar uma ou outra gargalhada alarve; mas trata-se do riso meio acabrunhado que reservamos para os trastes embaraçosos que à viva força nos querem divertir, sem para tal terem técnica ou talento. Vejam bem que o senhor em apreço anda a massacrar o público — que nem tem por onde fugir, a não ser a nado — há 30 anos! Um Palhaço com noção de comédia sabe quando é que deve sair de cena, não se tornando num mono penoso de aturar e insuportável aos sentidos. (via cinco dias)

Mais a sério agora. Presto aqui a minha total solidariedade ao Daniel e os meus préstimos. O Daniel não insultou o Alberto João porque é bem educado e também é cauteloso. Quando muito o Daniel teria insultado os palhaços, mas não intencionalmente, como é óbvio. Apenas por cautela (porque também estou envolvido num processo de crime de difamação por um artigo publicado aqui na Internet) me impede de acrescentar mais ao que o Daniel disse, que foi pouco, para uma figura que insulta e difama, com total impunidade, todos os que pensa que se lhe opõem. Um energúmeno este Alberto João.

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Quantos são os criminosos?  



Cinco anos depois da cimeira dos Açores que decidiu a guerra no Iraque, seria tempo de levar a julgamento estes senhores a um Tribunal Penal Internacional, para sabermos todos, quantos são os criminosos que estão nesta fotografia da nossa vergonha!

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O bloco central dos interesses a funcionar.  

Quando se trata de dar combate aos poderosos, não faltam os argumentos balofos para os partidos do sistema estarem do mesmo lado. Por isso não é de estranhar que uma iniciativa legislativa do Bloco de Esquerda para controlar os movimentos financeiros para o estrangeiro, a fim de evitar as lavagem do dinheiro em paraísos fiscais, como ainda recentemente aconteceu com o BCP ou o BES, seja reprovada.

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Um país desmotivado  

Do Jumento com a minha concordância:

Ainda que o nosso treinador não tenha decidido regressar às Beiras como fez Camacho, nem o Presidente esteja em condições de dar jogadas psicológicas, é um facto que uma boa parte dos cidadãos deste país estão desmotivados quanto os do Benfica. Só que neste caso Sócrates continua a ganhar o campeonato por ausência de adversário.

Aumentos de impostos justificados por relatórios elaborados à pressa por mão amiga, reformas feitas por “cientistas” que esquecem que as instituições são organizações humanas cujo sucesso depende da motivação das pessoas e um discurso plástico e desumanizado afastaram uma boa parte dos portugueses das mudanças promovidas pelo governo.


A Administração Pública é reformada porque os funcionários são uns mandriões, a justiça tem novas regras porque os magistrados são uns privilegiados, as escolas mudam porque os professores não ensinam, as empresas não são competitivas porque as leis laborais promovem a preguiça, em suma, o país não passa da cepa torta porque os portugueses são uns malandros. Tem sido esta a mensagem promovida por Sócrates e alguns dos seus ministros.

As reformas são introduzidas como uma inevitabilidade e sob a forma de pastilhas, quando a primeira dose já foi digerida e pensamos que acabou o tratamento vem uma segunda dose como se os portugueses fossem uma bactéria multiresistente que tem de ser submetida a tratamentos sucessivos. Ao longo de três anos foram submetidos a vagas sucessivas de medidas inevitáveis e só agora começam a respirar porque Sócrates receia que com as eleições legislativas seja ele a vítima da cura, todos sabemos que logo a seguir o tratamento regressa com doses ainda maiores.

Os cidadãos estão desmotivados porque o progresso resultante destas políticas de fazer inveja aos Chicago Boys não vão ser distribuídos equitativamente, os funcionários sabem que ou vão ser despedidos ou vão ver os seus rendimentos a degradar-se continuamente, os desempregados que conseguirem emprego sabem que vão ganhar menos que dantes e poderão ser despedidos a qualquer momento. Não há qualquer contrato social com os portugueses, os sacrificados são os do costume, os beneficiados serão os mesmos de sempre.

O diálogo é um luxo reservados aos que viajam nas comitivas governamentais, que deslumbram ao assessores do primeiro-ministro cujo exercício preferido é saber qual a percentagem do PIB que acompanham Sócrates nas viagens do estrangeiro. O governo é firme com os assalariados e extremamente dialogante com os empresários, para os primeiros reservou a flexibilidade no vínculo labora, para os segundos adoptou a flexibilidade nas grandes decisões tal como sucedeu com a localização do novo aeroporto de Lisboa.

Sócrates tem o discurso do Chalana, principalmente quando se dirige a audiências ensaiadas, onde o casting foi dispensado porque os figurantes pertencem ao partido, mas a verdade é que muitos portugueses estão tão desmotivados como Camacho disse estarem os jogadores do Benfica.

Nunca Portugal se identificou tanto com o Benfica, todos prometem ganhar campeonatos e o regresso ao tempo das vitórias, algumas velhas glórias como Soares lá vão tentando o regresso aos sonhos como faz Eusébio, mesmo sem dinheiro fazem-se grandes aquisições como o Cardoso ou o aeroporto, no fim andamos desesperadamente a tentar ganhar o campeonato da segunda circular. Como se tudo isto não bastasse ganhamos os jogos fora como sucedeu com o Tratado e perdemos os jogos em casa onde os adeptos já não dispensam o lenço branco no bolso, mesmo sabendo-se que continuarão a torcer pela equipa no próximo jogo.

Ao fim de três anos Sócrates ainda não percebeu o que Camacho entendeu em poucos meses, os seus jogadores estão desmotivados, muitos não jogam e outros são mal pagos, apenas a vedetas estão contentes.

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Chalana vai provar que Camacho não tem razão  



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A luta dos professores (II)  

Mais de cem mil professores na rua não podem significar outra coisa, em primeiro lugar, que não seja uma profunda insatisfação e raiva com a Ministra da Educação. A grande conclusão a retirar depois desta e das anteriores grandes manifestações de rua de trabalhadores e dos protestos das populações contra o fecho das urgências e dos serviços de atendimento permanente, é que os portugueses não estão a gostar de ser governados com tamanha arrogância e tanta insensibilidade social. Embora isto não chegue para acabar com as habituais “alternâncias governativas” entre o PS e o PSD, espera-se que pelo menos sirvam para acabar com as malfadadas maiorias absolutas

O protesto dos professores tem razões de ser. Os professores não são os maus da fita do sistema de ensino como a ministra, em tempo e subliminarmente, tentou fazer passar e que mereceu de resto a justa indignação dos professores, a que nem as desdobradas justificações de última hora da ministra a uma diligente e generosa comunicação social, conseguiu dar a volta e apagar da memória de todos nós, as desastradas e chocantes afirmações feitas anteriormente sobre os professores.

Querer responsabilizar os professores pelo estado actual de ensino é desonesto. Os professores não podem conviver com as culpas todas. Aos professores não podem assacar culpas que são de todos: da sociedade, do sistema, dos pais, dos alunos e principalmente dos responsáveis pela governação em Portugal. Se um aluno reprova, se um aluno não vai à escola, se a escola não dá saídas profissionais, se os responsáveis não investem a sério na educação, a culpa não é dos professores. A ministra teve esse condão: de fazer crer, instalando a dúvida nos próprios que a culpa é deles e só deles. Os professores têm razões para demonstrar na rua a sua insatisfação e raiva pela ministra.

De resto mantenho o que disse. Todos os agentes educativos devem ser avaliados: as escolas, os professores, os alunos, os dirigentes. Defendo como princípio que o aluno não deva ser retido na sua progressão escolar. Isto não quer dizer que se deva instalar o laxismo ou a irresponsabilidade. Quer dizer que a escola, o professor, o sistema, devem fazer tudo, para que o aluno consiga atingir os objectivos mínimos. E o professor, o dirigente escolar, a escola, deverão justificar muito bem o fracasso de um insucesso escolar. É isto que devia estar em causa neste debate: como defender melhor a escola pública inclusiva, responsável e competente? E isso por si só fundamenta a avaliação da escola e dos professores: o que fazem todos para que o sucesso ou insucesso escolar aconteça.

Por exemplo, perante um aluno problemático a escola terá de premunir-se de uma estrutura de compensação que repare as dificuldades e não renunciar, retardando ou abandonando os alunos à sua sorte. É isto que deve fazer a diferença na escola pública. A escola pública é a escola de todos. Também de alunos com mais problemas ou mais dificuldades. Está na altura de colocar os focos nos alunos.

Infelizmente as coisas não têm sido assim por manifesta incompetência e arrogância da ministra e por isso, e só por isso, é que tenho defendido a sua demissão … para apaziguar os ânimos e centrar a discussão, sem ruído e sem interferências alheias e desproporcionadas, no plano do que interessa discutir; o conteúdo efectivo da reforma educativa.

Por fim, não poderia de deixar de insistir, tenho sérias dúvidas do que move verdadeiramente a maioria dos professores: se é o direito à indignação, compreendo-os e acompanho-os. Se é a defesa de interesses pessoais e corporativistas, compreendo-os, mas não contem comigo. Se é a defesa da escola pública, estou de corpo e alma com eles. Mas, como disse tenho as minhas perplexidades. E confesso que me desgostou ouvir professores presumidos, referirem que nunca antes participaram numa manifestação de rua, como se em trinta anos de democracia, nunca tivesse havido um momento para um protesto ou uma celebração. Ou que “dirigentes” associativos tivessem mentido publicamente e com toda a desfaçatez. Ou ainda alguns não tivessem sido capazes de dizer porque estão numa manifestação ou o que realmente os inquieta nas reformas que estão a ser levadas a cabo.


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O homem já estava morto  

Uma pessoa morreu por aparente descoordenação dos serviços de emergência. Enquanto a ambulância dos bombeiros a 400 metros de distância não foi solicitada, apesar de estar bem equipada e com os meios necessários para ocorrer a situações destas, o homem esvaía-se em sangue acabando por falecer com paragem cardorrespiratória e envolto numa poça de sangue, à espera que chegasse a ambulância do VMER, situada a 57 quilómetros.

O problema de descoordenação dos serviços não é nova. Está bem presente na nossa memória o espectáculo "televisivo" da confusão nos Centros de Orientação dos Doentes Urgentes (CODU)no caso do Alijó. Também não é novidade que existem poucas Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação e que se encontram normalmente nos serviços de urgência principais, cobrindo áreas de mais de cem quilómetros. Também não é novidade que muitos dos serviços de urgência entretanto encerrados estavam devidamente equipados e com pessoal médico experiente e preparado, para assistir com competência e em primeira instância, problemas graves como este, evitando muitas mortes.

Mas tudo isto não conta. Afinal o que conta são as estatísticas cor de rosa que nos irão apresentar ao fim de um ano de balanço, e este caso, como outros que já ocorreram, o mais certo é não entrarem nas estatísticas, afinal quando os serviços de emergência médica lá chegaram ...o homem já tinha morrido, não havia nada a fazer. Pois! E só mais uma morte. Siga.

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Ilusionismo do Governo  

O Governo tem por hábito anunciar por antecipação aquilo que é percepcionado como uma boa decisão. Percebe-se. A propaganda assim actua em dois momentos. No momento do anúncio e no momento da publicação. Mas às vezes também se descobrem os buracos e as mentiras. É o caso do propalado aumento do Complemento Solidário para Idosos (CSI) de 323 euros para 400 euros/mês. O Jornal de Negócios fez as contas: segundo a portaria publicada no Diário da República o novo limiar do CSI é de 4800 euros/ano. Para chegar a 400 euros/mês o Governo dividiu por 12 meses quando deveria ter dividido por 14 meses, como é habitual nestas operações. Sendo assim o aumento não é para 400 euros mas sim para 342 euros/mês. Faz uma diferençazinha.

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A entrevista de Louça e as patetices de alguns bloquistas  

A entrevista de Francisco Louçã à TSF/Diário de Noticias, revela-nos um político invulgar. À pergunta armadilhada de “quanto ganha”, ou de qual é o seu “ordenado de professor universitário”, Louçã desarma os jornalistas afirmando que recebe apenas o vencimento de deputado e que trabalha gratuitamente para a Universidade, como professor e investigador em economia.

Francisco Louçã mantém-se fiel aos seus princípios: “o meu compromisso é com a luta socialista, a minha divida é com as desigualdades sociais”. Pelo caminho as criticas concretas: os cinco administradores do BCP que falsearam as contas durante sete anos e saíram com 80 milhões de euros indemnizações; as contas do CDS que aparecem com um milhão de euros depositado pelo BES; os 24 milhões de euros numa conta do BES na Inglaterra que estão a ser investigados aquando da compra dos submarinos; as avenças de deputados por prestação de serviços que deviam ser incompatíveis, como o de Guilherme Silva ao Governo regional da Madeira.

Depois os grandes princípios ideológicos: um caminho de unidade capaz de transportar para os movimentos sociais uma força de protesto, de resistência e de acção, não partidarizados, para contrariar as políticas liberais e construir uma alternativa de poder de esquerda; a liberdade de opinião e o pluralismo contra a disciplina unicitária; a defesa intransigente das liberdades de imprensa e de manifestação pública; o combate às visões doutrinárias de partido único, de movimentos tutelados por um partido, a não aceitação de limitações ao exercício das liberdades, ou de proibição do direito de greves, da liberdade de imprensa ou "aceitar" a exploração capitalista como o faz o PCP a pretexto de no poder estar um partido comunista. “A esquerda portuguesas tem de fazer explodir preconceitos, estamos derrotados se vivermos do passado”.

Pelo meio a criticas ao Governo sobre um “economicismo mesquinho” no Serviço Nacional de Saúde (que deve ser sempre gratuito e universal para todos), na Educação, (onde reconhece que a Ministra tomou uma ou outra boa decisão mas sem dar condições e atropelando os professores como se fosse “um camião TIR”) nas políticas económicas e de emprego. “É um destino trágico que um governo socialista seja o mais liberal de todos”.

Concomitantemente apresentou propostas concretas alternativas e não resistiu a uma provocação que resultou numa resposta extemporânea: a de que não fará coligações municipais autárquicas em 2009. E sobre esta questão já algumas vozes internas se atiraram a Sá Fernandes, por este, legitimamente, achar inoportuno, tomar uma posição a tão longa distância no que diz respeito a Lisboa.

E se a entrevista de Louçã me aproxima do Bloco, já as reacções “extremas” de alguns bloquistas às opiniões de Sá Fernandes, afastam-me completamente. É que já não tenho paciência para certas palermices.

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A luta dos professores  

Os professores estão na rua em protesto contra a Ministra, mas também contra as reformas educativas, mormente o sistema (ou os conteúdos) de avaliação dos professores, o regime de autonomia e gestão das escolas e a nova prova de ingresso na carreira. Contudo, visto de fora, o que parece fundamentalmente motivar os professores é a defesa do seus interesses corporativos e não a luta por uma escola pública exigente, responsável e competente, o que sendo legítimo, não encontram eco, na maioria das pessoas e em particular de outros agentes educativos, nomeadamente os alunos e as associações de pais.

Pessoalmente compreendo o melindre e a indignação dos professores com a Ministra. As suas declarações sobre os professores foram injustas genericamente e reveladoras de uma total inabilidade e de senso comum. Creio mesmo que a sua demissão é o único caminho para apaziguar os ânimos e colocar a discussão no plano dos conteúdos da reforma. Ao contrário, portanto do que defendem alguns sectores políticos, o que neste momento está mesmo em causa, não são as políticas, mas sim a Ministra …para se poder discutirem as políticas de educação.

Os professores estão na rua mas não vibro com as manifestações dos professores (em Viana do Castelo estiveram mais de 3000 professores na rua o que é estrondoso), apesar da justeza de algumas reivindicações. Infelizmente os professores (a maioria), enfim, para não destoar, tal como as outras classes sócio-profissionais, estão apenas interessadas nos seus problemas. Nada a fazer. São os nossos egoísmos!

O que me interessa é a defesa da escola pública e não me parece que seja isso que está em causa ou que seja por isso que os professores lutam. Uma escola pública de sucesso requer professores motivados, competentes e bons profissionais. Requer boas instalações, bons programas, uma estabilidade pessoal e profissional. Requer uma escola popular e integradora, equipamentos adequados, professores dedicados e a tempo inteiro, requer uma gestão democrática e aberta, mas também requer o controle e uma avaliação democrática do exercício e dos resultados da escola, dos gestores, dos professores, dos alunos, do pessoal auxiliar, em que todos são avaliados, uns pelos outros e entre eles, também.

Como que a confirmar que não é a defesa da escola pública ou a gestão democrática das escolas que estão em causa, aí está o encontro do Presidente do PSD Luís Filipe Meneses com a Fenprof e a presença na manifestação do próximo sábado, em Lisboa. O PCP e o Bloco, como sempre, apoiam sem reservas todas as manifestações o que por si não tem nada de mal, mas preferia que fossem mais claros nas razões dos apoios.

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Um agradecimento  

Depois de alguns problemas no modelo do blogue, hoje finalmente foram resolvidos. O blogue está mais leve e já abre bem com todos os browser, Internet Explorer incluído. Tudo isto se deve ao apoio de um blogger, responsável pela construção de muitos templates e pela adaptação de outros à nova plataforma da blogspot, de nome Ricardo Santos que de pronto e sem pedir ou exigir nada, respondeu a um pedido de ajuda que deixei no seu blogue. Não tenho como agradecer-lhe, tanta e tão desinteressada ajuda. Fica aqui o meu reconhecimento público e já agora o convite para o visitarem, especialmente, se forem pessoas interessadas em tecnologias de comunicação. Está ali um expert. Obrigado, Ricardo Santos!

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